Esperanto

Calça, camisa, vestido, sutiã, luva,

tudo soa bem.

Pulôver,

Suave e aconchegante palavra.

Como, aliás, precisa  ser o objeto por ela representado.

 

Agora repita comigo:  cueca!

Puff!!  Adeus romantismo!

A inseparável aliada do sexo forte,

tão maltratada linguisticamente.

Defeito estético de fábrica.

Muito tarde para reclamar dos gregos.

 

A essa altura, é  possível que o amigo nem se anime a continuar a leitura

desta,  que se supõe, seja  uma prosa poética,

aflito pelo rumo que a conversa possa adquirir

ou apenas, para poupar-se da ressonância incomoda que dita palavra provoca.

Cueca!

Pior, talvez só,  sovaco. ( cacofonia devastadora!)

 

Confesso que  este conflito fonético

sempre me perseguiu.

Talvez por  frustração pessoal.

Uma obsessão.

Alguma cueca que deixei de ganhar no natal

e que os coleguinhas da escola mostravam com tanto orgulho.

 

Mas nunca é tarde para melhorar o idioma.

Abraço, pois, a causa e me lanço às ruas,

propondo a supressão da palavra cueca da língua portuguesa.

Já que nos expressamos tanto através de termos estrangeiros

porque não liquidamos de vez com a cueca

substituindo-a por “briefs” do inglês

ou o sonoro “slips” usados em alguns países europeus?

 

Para não parecer que nos rendemos  definitivamente aos yankees

podemos explorar, quiçá, a neutralidade do esperanto: “kalsoneto”.

Mesmo que soe um pouco delicado.

E ofensivo ao machão brasileiro.

Entendo que a hora é essa.

 

Mais do que preservar a cultura.

É preciso resguardar os ouvidos.

Todos, portanto,  à luta!

Abaixo a cueca!

Fora cueca!

Cueca nunca mais!

É Kalsoneto,

já!

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