NO TEATRO E NA VIDA

Nesta Quadragésima Campanha do Teatro e da Dança, realizada em Belo Horizonte, tive a oportunidade de assistir a algumas peças e, se possível, ainda assistirei a outras mais.

Dentre as peças que assisti estava a encenação intituladaComédia de Buteco, cujo elenco é composto por umaDrag queen, um mágico e dois comediantes, sendo um deles oGeraldo Magela–o ceguinho.

Como todos sabem oceguinhose utiliza dessa sua condição – a de deficiente visual, para inserir episódios engraçados em suas apresentações.

Dessa vez não foi diferente, a certa altura de sua participação ele lançou a seguinte pergunta à plateia: “Quem já assistiu a minha peça: Só quero ver na copa?”

Várias pessoas, como que orquestradas, levantaram a mão. Então, já sabendo que isso teria ocorrido, ele disse: “Prá quê vocês levantaram a mão, eu não enxergo?!

A plateia caiu na gargalhada e aqueles que responderam com o gesto também riram, embora tenham ficado bastante sem graça.

Essa anedota me fez recordar uma estória verídica ocorrida com o meu sobrinhoBolivar,narrada a mim pelo seu próprio pai.

Bolivarocupava, à época, o posto de Sargento da Polícia Militar de Minas Gerais.

Iam filho e pai em um mesmo veículo, estando a direção sob a responsabilidade do mais moço, que não se encontrava paramentado em seu fardamento militar, ou seja, estava à paisana.

O condutor circulava pela Alameda Ezequiel Dias ostentando em seu punho esquerdo, apoiado sobre a janela do carro, um belo relógio analógico-digital.

Nas proximidades doHemominas, enquanto aguardavam pela abertura do semáforo, passou por eles um jovem que não tinha o antebraço esquerdo.

Ao ver rapaz tão novo com aquela deficiência apiedou-se dele, compartilhando o sentimento com o seu pai.

Oportunista o jovem deu meia volta e arrancou o relógio do pulso doBolivar,que ficou enfurecido com a ousadia do coto.

Não aceitou ter sido roubado, exatamente por aquele de quem a pouco teve piedade.

Deu a volta, estacionou o carro e surpreendeu o desafortunado celerado ainda dentro do parque.

Arma em punho segurou o assaltante pelo braço e exigiu o relógio de volta.

A exigência restou frustrada, pois, tão logo percebera que não haveria como fugir, o delinquente atirou o produto do roubo sobre a via, o qual foi esmagado por alguns veículos que por ali passavam.

Os guardas-parque chegaram em socorro e logo uma voz ofegante ordenou: “algema ele, algema ele”.

Ao tentar cumprir a determinação foi que o guarda percebeu que o celerípede meliante não tinha um dos antebraços e perguntou: “como é que eu vou algemá-lo, ele só tem um braço?”.

O chefe da guarnição determinou então que uma das argolas da algema fosse presa ao contraventor e a outra, até que a viatura chegasse para conduzir o infrator à delegacia, ao próprio guarda.

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