O FIEL DA BALANÇA

Até algum tempo atrás era comum, em uma conversa, em um curso, ou em uma palestra, ouvir-se o termo: o fiel da balança.

Hoje isso é bem mais raro e quando alguém se atreve a dizê-lo, dependendo da idade dos interlocutores, deve ter o cuidado de explicar o que essa citação quer dizer.

Em um passado nem tão distante assim, era muito comum nos armazéns, feiras livres, quitandas e estabelecimentos de comércio em geral, nos quais eram comercializados produtos a granel, a utilização de uma balança mecânica, com as seguintes características: dispositivo composto 100% em metal e ferro fundido, o qual dispunha de um braço em cujas extremidades eram dispostos dois pratos metálicos – um de cada lado e em cujo centro fixava-se um pino central, de forma a equilibrar os pratos metálicos (a balança que representa a justiça, constitui uma ilustração perfeita do artefato).

Anexo ao eixo central, existia um ponteiro que, quando os dois lados da balança estavam em equilíbrio, o seu fiel coincidia com a indicação de referência.

Também compunha esse instrumento de medida, uma série de peças compactas em metal, cada qual com o seu respectivo peso determinado: 10g, 20g, 50g, 100g, 500g, 1000g etc.

Quando um cliente (na ocasião denominado, freguês) chegava ao estabelecimento e solicitava, por exemplo, 250g de feijão, o comerciante ia até o balcão de madeira, levantava uma pesada tampa - também de madeira, empunhava uma concha feita em chapa galvanizada, que já ficava lá dentro do compartimento, enchia essa concha, apanhava um saquinho de papel, dispunha-o sobre um dos pratos metálicos e sobre o outro, colocava o peso correspondente. No caso, o peso de 250g. Ia então despejando os grãos de feijão no interior do saquinho, até o fiel da balança coincidir com a marcação central. Isso garantia que o cliente estava levando a quantidade certa.

Quando o comerciante era generoso, ele até deixava passar um pouquinho e o freguês, do outro lado do balcão, ficava mais satisfeito. Pedia para anotar na caderneta e saia.

Para os menos vividos, esse é o real sentido do termo: o fiel da balança. Ou seja, é o ponto inquestionável, incontestável, acima de qualquer suspeita.

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