OS CISNES E O DRAGÃO

                                               (À fantástica escritora Jung Chang)


          Se em meados do século vinte o sofrimento tivesse uma face, ele teria os olhos puxados, uma boca quase sem lábios, um corpo esquálido, meio amarelado e carregando uma mente "enxaguada" por um dos maiores tiranos daquela época.         

          Cobertos de razão condenamos as atrocidades de Hitler, Stalin, Mussoline, Pinochet e todos os outros ditadores contemporâneos; todavia, muitos não mencionam se não o pior, um dos mais bestiais que a "escala diabólica", infelizmente, pariu em nosso planeta.         

          Mao Tsé Tung, o "Timoneiro", assemelhando-se a Caronte, o barqueiro do inferno, transportou milhões de almas, não pelo Estige, mas pelo majestoso rio Yang-Tsé à maior lavagem cerebral coletiva que se tem notícia no globo terrestre!         

          No estupendo best seller "Cisnes Selvagens", Jung Chang narra a saga verídica dela, de sua mãe e da sua avó, pelas "corredeiras caudalosas" da "Revolução Cultural", leia-se expurgos em massa do presidente Mao, o dragão maldito.         

           Imagine uma gigantesca nação continental onde um vigiava o outro constantemente; sentar-se nos jornais que estampavam a figura sombria do camarada mor era crime; onde filhos entregavam pais; mães, na grande fome que assolou a China, devoravam filhos; milhares de leais servidores eram presos sem motivo, numa política de animosidade e perseguição sem quaisquer considerações pelos serviços prestados e auto-falantes, diariamente, vociferavam os mandamentos insanos do ubíquo e onipresente "monstro vermelho", fazendo com que o mundo fictício do "Grande Irmão" de Orwell, pareça uma inesquecível colônia de férias.         

           Se muitas vezes todos nós reclamamos das nossas triviais e cotidianas vicissitudes, dos nossos ridículos governantes corruptos, com suas políticas assistencialistas, populescas, em cuja estagnação estamos atolados, é porque não conhecemos as entranhas do horror na maior acepção da palavra; é porque não enlouquecemos como tantos irmãos chineses, verdadeiros heróis e sequazes do Maoísmo.

                                                                  EXTREMÓFILO                                                                             30/06/2015

                                                             


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