Lázaro, A História é Outra
Há muito tempo, quando Roma mandava no mundo, dizem as más línguas, o Sr Augustus ― também conhecido como Augustus Júnior, ou simplesmente Júnior, pois era o filho primogênito de César Augustus, o imperador de gregos e romanos, samaritanos e fariseus ― tinha várias amigas lá pelas bandas da Judéia. Aliás, um monte. Vivia cercado delas.
Além de Magda, a preferida e mais cobiçada da aldeia vizinha porque era uma ruiva gostosa que vivia dando aos pobres (e aos ricos também), Júnior mantinha amizade-colorida com duas irmãs de tez encardida, magricelas e feias de doer, Marta e Maria ― já que não era homem de ter preconceitos ― embora isso as enchesse de ciúme, o que fazia com que elas se esmurrassem como loucas, coisa que ele não tolerava.
Essas duas tinham um irmão, um tal de Cletôncius Lázaro, um sujeito meio leprento, dado a piripaques, e que sofria do fígado porque bebia todo o vinho que sobrava das baladas e dos casamentos que, naquela época, eram tão famosos por causa das mágicas que ali eram feitas, que viravam notícia em jornais de pergaminhos manuscritos ― uns periódicos vendidos às portas dos templos, dos estádios, dos bares e nas feiras livres.
Pois bem, num determinado dia, Cletôncius encheu tanto a cara ― e o vinho era uma beberagem feita com água do Mar Morto e ervas estranhas importadas da Bolívia ― que entrou em coma. E caiu duro, como morto. Marta e Maria, as gêmeas com cara de lombriga, tentaram o SUS, mas os funcionários estavam em greve pelos salários atrasados porque gregos e romanos, parceiros em falcatruas, desviavam o dinheiro para dar propina aos fariseus ― os milicianos da época ― e não atenderam o bebum.
Histéricas, achando que o irmão tinha passado dessa para a melhor, as mulheres mandaram chamar Júnior, já que ele também curtia bastante o tal Cletôncius, coisa comum naqueles tempos onde se seguia à risca o mandamento da lei divina “Amai-vos uns aos outros”, sem especificar o gênero. Tanto fazia. E Augustus Júnior era um sujeito sem preconceitos, como já foi dito.
Quatro dias depois Júnior chegou à tapera onde estavam as mulheres e o irmão. Encontrou a maior zorra: garrafas de vinho vazias estavam por toda a parte, se misturando ao vômito seco, poças de urina e mais umas porcarias que só os bêbados sabem fazer com maestria. Viu que o amigo estava a um passo da eternidade e se resolveu pelo tratamento de choque quando uma das irmãs lhe disse: “Eis aqui o homem que você ama”. Furioso, porque essas coisas não se dizem, tascou um balde de água gelada e um belo chute nas bolas do quase finado, gritando: “Levanta, traste, ou não respondo por mim!”.
Cletôncius Lázaro deu um berro e levantou, ainda zonzo de dor e ressaca, segurando “as partes”, e saiu porta afora xingando quem passasse por perto. E passou a bolar as mais terríveis vinganças contra aquele que lhe estourara as bolas. E falava sozinho, gesticulando como doido, perambulando pelas ruas enrolado em trapos.
Maria e Marta, sequeladas de nascença e doidas por Júnior, saíram atrás de Cletôncius, gritando que o amigo o ressuscitara. Isso provocou o maior disse-que-disse, se estendeu pelas aldeias vizinhas, atravessou mares e virou o milagre da época e, até hoje, há quem acredite e se sinta comovido com a história. Mas o que se sabe é que Augustus Júnior, para fugir daqueles lunáticos, resolveu mudar de cidade e foi parar no Egito, em meio às pirâmides, areia e camelos, onde passou a viver escondido de Cletôncius ― que se tornara conhecido como Cleto Lázaro, o Resuscitado, que passou a persegui-lo sem trégua, ressentido com o estrago que o ex amigo fizera em seus bagos já murchos pelo frio e pela falta de uso.
De Magda, o que se sabe, é que tentou a sorte na TV brasileira, como apresentadora de programa infantil, pintou o cabelo de louro e tentou ser Paquita, mas uma tal de Marlene das Matas, uma mãe-de-santo responsável por selecionar as candidatas, não gostou da ex ruiva e, por inveja, a chamou de gorda e mandou-a de volta pra casa. Magda, desgostosa, sumiu do mapa depois que sofreu uma lipoaspiração mal feita que a deixou com a bunda de Ana Maria, a Brega, endoidou de saudade de Júnior e Cletôncius ― que também a traçava quando não estava de porre ― e resolveu abrir uma Casa de Tolerância para senhores de fino trato, lá pras bandas do Acre, um lugar que ninguém sabe, ao certo, onde fica.
Marta e Maria, as irmãs feiosas de Cretôncius Lázaro, se meteram no deserto, atrás dos beduínos, e nunca mais se ouviu falar delas. Parece que foram trocadas por camelos, mas ninguém sabe ao certo.
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O POVO 30.000 ANOS, A. C. SE EMBRIAGAVAM.
PARABÉNS
ABRAÇOS.
ESTRELEI!
ABRAÇOS.