• Resenhas / Sinopse
• Postado em Ago 17, 2018

O Lado Real do Abstrato (Resenha)

Título: O lado real do abstrato

Publicação: Editora Selo Jovem

Autora: Caroline Fortunato

Gênero: Literatura brasileira / Ficção

Ano de publicação: 2018

Número de páginas: 72

Sinopse: Em 2050, o Homem finalmente tem tecnologia apropriada para explorar outros planetas com o fim principal de descobrir se há mesmo vida inteligente por lá. Joaquim, um frio e cético astrofísico brasileiro, se propõe a fazer uma viagem como astronauta de treze anos terrestres à velocidade da luz até o irmão gêmeo da Terra, com a diferença de este possuir uma massa três vezes maior. Romance de tese, o ambiente da história é totalmente distinto com o objetivo de examinar outra população com comportamentos e ideologias reais que normalmente escapariam à nossa imaginação mais abstrata.

“O lado real do abstrato” é o primeiro livro devidamente publicado pela autora Caroline Fortunato e, a esse respeito, pode-se dizer que traz uma crítica social ferrenha para uma obra estreante. O livro, embora pequeno, é até bem completo em sua missão de comparar a vida “inteligente” da raça humana com a vida realmente inteligente encontrada no outro planeta, o irmão gêmeo da Terra. Caroline, no início da narrativa, prepara o leitor com boas doses de suspense, fazendo-o se questionar que tipo de ambiente e população o astrofísico Joaquim irá encontrar ao pousar seu foguete no destino visado.

Percorrida a longa distância de treze anos luz, o protagonista coloca seus pés em terreno estranho e descobre ali os seres que dominam e administram a vida em sociedade. Caroline utiliza descrições bem interessantes para mostrar ao leitor como e quem são os nativos daquele planeta, e este pormenor deixarei oculto para não estragar as surpresas de quem for ler.

O desenrolar da história é elaborado pela autora, em sua maior parte, por diálogos curtos e diretos, após Joaquim ser capaz de se comunicar de maneira inteligível com a raça descoberta. Este método, ainda que não comprometa o entendimento e proveito geral do livro, deixa um pouco a desejar para quem gosta de histórias mais descritivas. Vários trechos, por exemplo, carecem de mais pormenores para enriquecer os textos de “O lado real do abstrato”. Muitas dúvidas acabam pairando no ar em função desta carência descritiva, pois tanto os ambientes como as personagens e seus pensamentos e emoções ficam aquém do esperado. Para exemplificar, o leitor pode acabar sentindo falta de maiores informações sobre a adaptação física e intelectual de Joaquim no planeta visitado, assim como pormenores acerca da vida como um todo da raça extraterrestre. A alta velocidade da alternância dos acontecimentos produz essa sensação de “isso poderia ter sido explicado com mais detalhes”. Porém, como dito há pouco, não há qualquer prejuízo no entendimento da história.

O livro traz uma série de reprimendas de Joaquim à raça “civilizada” da Terra em contraste com a população do irmão gêmeo de nosso planeta. Mais do que frio e cético, o astrofísico brasileiro parece ser também bastante misantrópico em seus comentários cortantes sobre como o ser humano vive moralmente corrupto e às avessas. Quanto a isso, porém, não há qualquer uso de religião que permeie o livro. Todo o conteúdo é aparentemente ateísta.

Há muitas surpresas para quem desejar ler esta obra de Caroline Fortunato, que, inclusive, deu a ela um final um tanto quanto inusitado. Vale a pena conhecer.

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