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EDIFÍCIO PEQUENO PORTO

É sabido que morar no edifício Pequeno Porto é um grande risco. Um hospício seria considerado um parque de diversões diante desse condomínio dos horrores. Esse residencial é a versão contemporânea da Torre de Babel; com seus apartamentos com vista para o inferno. Tenha o cuidado de nunca morar lá; não compre, não alugue e nem visite esse lugar atribulado. Coisas hediondas sempre acontecem lá. O insano e o detestável são gerados a todo o momento no contaminado ventre daquele prédio.
Na cobertura 302, moram os vampiros egoístas que promovem festas, fumam ópio e passam as noites mordendo e sugando as desavisadas vítimas que eles arrastam para lá. Ninguém dorme a menos que eles queiram. Arrastam seus sarcófagos de um lado para o outro, buscando as sombras mais escuras quando querem repousar. As trevas, na cobertura 302, se revelam somente na madrugada.
No apartamento 104 reside a feiticeira bruaca, conhecida como Velha do Quimba. Durante os seus rituais, bate forte com o seu cajado no chão, nas paredes e no teto; enquanto invoca legiões de demônios. Ela se alimenta de ratos e baratas que encontra pelas ruas. Dizem que ela comeu o próprio cachorro e agora engorda um gato para comê-lo em uma noite de Lua de Sangue. Os remédios tarja preta que ela costumava tomar, já não fazem mais efeito.
Já no apartamento 101, vive outra perigosa bruxa, conhecida como Dona Vagina. Ela é uma velha louca e costuma cuspir da janela, na cabeça das pessoas que passam embaixo. Ela amaldiçoa a todos em uma língua estranha; um idioma satânico. As pessoas comentam que Dona Vagina tem a peste negra e que no passado, matou o próprio marido. Como se isso não bastasse, serviu os restos do homem como ragu para os seus filhos comerem. Ela é muito estranha e certa vez, tentou me morder.
Seres ardilosos e noturnos habitam o apartamento 103; e como os vermes que parasitam intestinos, costumam ficar ativos durante a madrugada. Soltam grunhidos e se debatem como se fossem animais oferecidos em sacrifícios. Talvez sejam indivíduos que carregam algum tipo de maldição. Durante o dia, não falam, não comem, não se movem. Fazem uma espécie de hibernação diurna; ficam inativos com a luz.
O apartamento 105 é assombrado por um casal de mortos vivos; conhecidos como casalzinho fantasma. Frequentemente aparecem como almas penadas do mal, exalando o cheiro de enxofre. São criaturas perigosas e sorrateiras; quando menos se espera, saem da escuridão e te atacam com seu hálito fétido. Quando se aproximam, eles sugam a energia vital de maneira impiedosa, como sanguessugas do báratro.
O apartamento 204 é conhecido como Tártaro, onde transitam as almas condenadas, amaldiçoadas, os espíritos obsessores, maltas, bandos, hordas e legiões demoníacas. O ressinto é um buraco negro que suga e drena suas vítimas. Um labirinto contaminado, nocivo, pernicioso e mortal. É o lupanar do Inferno, é a casa do caos, a assuada do mal, alarido do desacato e da importunação; um assédio atroz. O local é um portal vil da existência humana. Nem exorcismo e nem pajelança salvariam esse lugar; a fronteira entre o Limbo e o Purgatório.
Sobreviver no Edifício Pequeno Porto, definitivamente, não é tarefa fácil. É como ter que repetir os doze trabalhos de Hércules. É necessária a bênção do Pai Celestial, grande dose de coragem, crucifixo, alho, água benta, estaca e bala de prata.
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Atualizado em: Qui 20 Maio 2021

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