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Os infernos de Juliano

Que inferno esse tempo, não está tão frio assim, é só esse vento, parece até que alguém ligou um ventilador gigante e travou na minha direção, e para piorar ela está atrasada quinze minutos, deveríamos ter nos encontrado aqui as quatro horas da tarde, ótimo, agora tá atrasada a dezesseis minutos. 
              - Olha mamãe! os pombos!.
              - Sim, estou vendo querida! só não vai se afastar muito tá bom.
              - Tá bom!, risos.
              Muito tempo, não lembro quanto, só sei que foi a muito tempo, não fazemos mais essas coisas, antes fazíamos, mas, agora não mais, mudou, não sei quando, mas mudou a nossa... família.
              - Desculpe! desculpa mesmo, pausa para respirar, o ô-ônibus atrasou.
              - Tudo bem, falei e sai andando lento para ela me acompanhar. Nem sei porque estou com ela, foi por acaso, ela me pediu e eu aceitei, e olha que ela é bem simples, cabelos castanho escuro, quase preto, e os olhos possuem a mesma cor, e ela é uns 10 cm mais baixa que eu além de ser bem magrinha. - e os seus amigos? perguntei pondo as mãos nos bolsos, por causa do vento.
              - Eles mudaram o local, estão nos esperando no Bar Vitória.
              - No Vitória? Bar e Restaurante Vitória, mas chamamos apenas de Vitória, poderiam ter me avisado eu esperaria você lá, é bem perto daqui, atravessado a rua, deixa pra lá, vem vamos logo.
              - Me espera!, falou sorrindo andando aos saltos.
              Quando a vi sorrir algo em seu sorriso pareceu diferente, parecia meio forçado, triste, sorri de volta, não sei porque. Aceitei vir pois não tinha nada de melhor pra fazer, além de ela ter me perturbado para vir, no começo sabia que iria me arrepender, mas agora que penso pode ser que não. Chegamos no Vitória e logo percebi que eles estavam sentados na frente, inferno, eles poderiam muito bem ter sentado no fundo, odeio sentar na frente principalmente com esse vento, já estou começando a me arrepender.
              - Juliano e Mari estávamos esperando os convidados de honra, como demoraram eu pedi algo pra comer ta bom, não se importem.
              - Desculpem o ônibus atrasou, por isso que demorei.
              Imbecil, pensei, esse cara nunca muda e acho que com o tempo só vai piorando, conheci o Lucas na quinta série e desde sempre é irritante e inconveniente.
              - Oi Ju, senta aqui, Mari senta também, guardei o lugar de vocês e íamos esperar para comermos todos juntos, mas o Lucas disse que estava com fome e pediu logo, - e ainda estou com fome, disse o lucas com a boca cheia de batatas.
              Que nojo, sério ele nunca muda, a Priscila também deve ter sentido já que desviou o olhar, mas mesmo assim continua bonita, diferente da Mari ela tem cabelos castanho claros e sempre parecem estar brilhando ela não usa maquiagem e é linda. Mas claro que não sou um imbecil a ponto de terminar com a Mari e ficar com a sua melhor amiga. Assim que sentamos cumprimentei Davi e o Pedro, um cumprimento rápido e não muito amigável, com exceção do Lucas todos aqui são amigos da Marina, não meus, conheci todos eles este ano, na primeira semana de aula e já posso adiantar que não somos amigos, como disse aceitei vir por causa dela, não preciso simpatizar com eles.
              Para Mari e eu pedi o bolinho da casa e suco de manga já que ela gosta, Priscila escolheu berinjela recheada - estou de dieta, comentou rindo, Davi e Pedro pediram sabor sertanejo e o Lucas pediu pasteis e um refrigerante - esse é o Juliano que paga, disse rindo, alto demais.
              Uma vez babaca sempre babaca, pensei, mas nada disse o que menos queria era iniciar uma discussão com esse imbecil, comemos e jogamos conversa fora e mesmo assim não consegui sentir afinidade por eles, não demorou muito escurecer, me despedi rapidamente dos demais, na Mari um beijo.
              - Te vejo amanhã na escola?
              - Sim, foi o que respondi, mas na verdade queria mesmo era nunca ter que sair de baixo do cobertor, não queria ir para aquele inferno, tudo que eu não gosto eu encaro como um inferno, porque assim que ele acabar o que resta será o céu, espero.
              Minha casa fica a duas quadras do Vitória, assim que vi a Mari curvar a esquina comecei a caminhar bem devagar não queria chegar em casa, outro inferno, mas cheguei, as luzes de casa estavam apagadas, ótimo devem estar dormindo, pensei, entrei com cautela, paços leves, só queria ir para meu quarto dormir, Dona Elena estava dormindo, só. Após escovar os dentes fui deitar, na cama fiquei encarrando o nada e pensando nas coisas que sempre penso: os meus infernos, a primeira semana de aula passou rápido só mais dois anos e esse inferno acaba, pensei no pessoal, no imbecil, na linda Priscila, e nos outros dois, tentei pensar na Mari, mas o sono estava batendo na porta querendo entrar, foi o que achei, mas estava enganado, provavelmente era o meu pai quem batia, respirei, levantei e me preparei para encarar este outro inferno.   
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Atualizado em: Ter 11 Jul 2017

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