Poderoso chefão

Faz tempo que não escolho um filme, uma série, um livro. Quando abro uma plataforma ou um "site", tudo já está lá – perfeito. Na Netflix, assisto aos filmes e às séries que me são sugeridos; na Amazon, idem. E assim vou "escolhendo" conteúdos e produtos com uma falsa sensação de livre-arbítrio. Entretanto, minto pra mim mesmo e digo abertamente que estou no controle, que assisto ao que quero. De repente, vejo-me dizendo o que todos dizem, fazendo o que todos fazem; e ainda assim afirmo que sou autêntico, que possuo opinão e vontade próprias. Gostamos de pensar – e acreditar– que estamos no controle da situação. Autoengano.Fato é que raramente escolhemos algo.Quem manda é o poderoso chefão – o algoritmo. Como se não bastasse este, ainda temos o tal do algoritmo bioquímico; perceba: nem namorado a gente escolhe. Aquela famosa frase faz sentido: "fazer o que se ninguém manda no coração".

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