Nos refletores, cores variadas explodindo em feixes de luzes ricocheteando os globos espelhados posicionados estrategicamente no alto do salão, infundia em cada um dos presentes, um misto de sensação cada vez mais agitado, frenético, dançante e prazeroso no expressar já movimentado dos pés sobre a pista de dança. “Que tanto de gata! Vamos praticar os passinhos? Marcos Hayashi era impulsionado pelos amigos em provocações já imersas e sequestradas pelo ritmo das músicas, vibrando neles, pensamentos, atitudes e comportamentos mais ousados que em um dia normal. “ Putz! Há tantos anos frequento esse espaço e nunca encontrei alguém que realmente valesse a pena!” Com o olhar viajando pelo ambiente, ele suspirava silencioso entre um e outro ressentimento, copo de cerveja à mão, acompanhando apenas com os olhos o grupo incompleto se enfileirando no centro, iniciando os passos exaustivamente praticados no fundo do galpão da fábrica. Conforme a música se desenvolvia e a provocação do ritmo abastecia a eletricidade dos corpos, a galera ao redor ficava cada vez mais agitada com gritos perenes, excitada pelos movimentos frenéticos de pés, mãos, troncos e cabeças metodicamente sincronizados entre os eles, perfeitamente expressando rostos já corroborados de sentimentos de aprovação por causa dos aplausos que recebiam. “ Galera, hoje não irei participar! Marcos sorria um sorriso desanimado partindo solitário para o segundo piso, após ter negado o convite quase obrigatório de estar ali, juntamente com eles, participando da coreografia que a alguns anos o clã utilizava como “isca” para “pescar” novas garotas. Subindo as escadas, a alma tateando aqui e ali através de olhares trocados, contraditoriamente ele adentrou a sala reservada aos namorados, e como todas às vezes que se sentia entediado, caminhou lentamente atravessando o corredor sobrepujando uma parede esverdeada, onde após a grossa coluna de concreto, alguns banquinhos isolados construíam uma aura maior de privacidade no ambiente. Já sentado, o líquido embriagante sobre a mesa ao lado de um maço de cigarros amarrotado, ele ficava ali, o olhar perdido no horizonte dos sons, das cores e dos corpos agitados de desejo lutando contra a ansiedade e o receio de “porventura” voltarem desacompanhados após a farra.
Como nas noites que velhos sentimentos voltava a atormentá-lo, ele retirou o pequeno livreto do bolso, capa azul de camurça, onde estava escrito em letras desgastadas e douradas o título: MAKTUB (Está escrito!) Com o rosto mergulhado vasculhava página por página, a fumaça do cigarro insistindo adentrar as pálpebras mas impedida pelo piscar frenético dos olhos, seu dedo finalmente encontrou a dobradura no cantinho que denunciava o papel amarrotado, sujo e amarelado pelas constantes releituras das letras. “O pior pecado do mundo é o arrependimento” Lia e relia em voz alta a frase que a tantos anos exercitava os músculos da língua e da mente, entremeando os pensamentos, devorando horas de suas horas por busca de significados diferenciados entre os inúmeros que se pôs a refletir em algum canto do apartamento. “Não acredito que estou vendo você aqui!” Era uma voz feminina e sensual, reconhecida no desabrochar da infância até a puberdade precoce, que acompanhou o Marcos menino nas ruas, nas praças, nas lanchonetes, na escola e em cada cantinho de casa quando imprudentemente esquecidos ali por ambos os pais. “ Linda Harumi! ” Em um sobressalto, os olhos não podendo esconder o impacto daquela presença, ele ficou vislumbrado com a beleza que agora encorpava a menina manhosa, delicada em gestos e nos protestos, a raquítica especial que insistia a tantos anos estimular antigas lembranças, povoar suas memórias, sempre o incomodando em desejos impossíveis de serem esquecidos. “ Há quanto tempo você está no Japão?” Já sentada e o encarando, Linda perguntava curiosidades ouvindo atentamente não mais se atendo a fisionomia do rosto dele, nem incomodada pelos olhares à volta a devorando de cima a baixo, mas no movimentar contínuo e singelo daqueles doces lábios que, na adolescência, tanto deliciou em beijar. “Estou à três anos no Japão! E você?” Marcos respondia suas perguntas com o semblante amendoado e carinhoso, lutando com os olhos na verdade, mas não conseguindo se desvencilhar das curvas, das formas, da silhueta formosa ainda que na penumbra do ambiente levemente já esbranquiçado pela fumaça branca liberando um odor agradável que subia dos motores elétricos posicionados nos quatro cantos da pista de dança.
Como água represada à anos, ambos assim ficaram, os olhos dele encarando sutilmente os olhos dela, ela tateando resquícios de percepções diversos nele, mas ambos simultaneamente impulsionados a encontrar nos diálogos; um sentimento comum impregnando as palavras, ladeando o pausar das resposta involuntárias, ou suspenso em algum movimento inconsciente que porventura denunciasse em gestos, em olhares, em suspiros inaudíveis que eles ainda se desejavam. “ Cheguei à três meses... é tudo tão diferente… não sei se vou conseguir me acostumar!” Buscando refúgio no calor corporal que, paulatinamente se alastrava para a singeleza do rosto, Linda Harumi intercalava sorrisos com desvios de olhar, e ele, devolvia o sorriso envelopando com eles, promessas protetoras de alguém um pouco mais acostumado com toda aquela loucura, com todos aqueles trejeitos, com todas aquelas esquisitices de país de 1º mundo. Finalmente chegava a pausa de descanso do DJ que, com as mãos doloridas, posicionou um LP enquanto os casais apaixonados iam se formando aos pares. “Se precisar de alguma coisa, pode contar comigo...” Ele se levantou da mesa, e estendendo carinhosamente a mão em sua direção, a convidou para descer até a pista de dança ao som romântico de Mariah Carey...
“You look into my eyes
And I get emotional inside
I know it's crazy but
You still can touch my heart
And after all this time
You'd think that I
I wouldn't feel the same
But time melts into nothing
And nothing's change…”
Já abraçados, as mãos de Linda suavizadas sobre os ombros seus ombros e as deles circundando firmemente sua cintura, por um momento ou pelo tempo que durou a música, toda uma torrente de sentimentos acumulados e represados ao longos dos anos passados, arrebataram suas almas: vieram as lembranças das promessas joviais expressas em beijos singelos e demorados, das fugas entremeio as festinhas que aconteciam na vizinhança, as travessuras, os receios, e a intranquilidade pelo possível flagra ao pé da porta que avultam ainda mais em sentimentos sinceros, crescentes, genuínos, se apossando cada vez mais do coraçãozinho de ambos na pré-adolescência. “Nunca consegui te esquecer!” Marcos proferia confissões acaloradas ao pé do seu ouvido, a respiração de ambos ficando acelerada, diminuindo cada vez mais o espaço entre os corpos no apertar dos abraços não tão sutis, seduzidos cada vez mais pelas passagens românticas da música. “ Ah Marcos… eu também não … “ Ela respondia os gracejos já se sentindo segura nas palavras, o queixo angelical repousado sobre o ombro dele, deixando a doce fragrância do perfume nos cabelos embriagar cada vez mais o olfato do recém amor reencontrado. “ Parece que foi ontem....” Refletiam no conforto do próprio silêncio, os passos alternados; dois para lá, dois passos para cá, e a canção anestesiando os corpos da tensão do dia, adocicando pensamentos diversos, enternurando emoções antigas, revirando no fundo do baú dos sentimentos até encontrar o ‘’amor descontinuado’” ainda fibrilando pulsões, latejando sensações, emergindo na epiderme do ser resquícios do prazer de uma vida a dois interrompida, impossível agora, pela força do destino ou pelo acaso do reencontro de almas que se procuravam, permanecer vivo somente nas lembranças.
“Não vai nos apresentar ?” Logo ao final do repertório romântico, os amigos se aproximaram expressando arfadas, suspiros e golfadas de ar intercaladas, provocando ciúmes ao colega que, diante daquela beldade, o julgava um cara sortudo. “Essa é a Linda!" Apresentava a acompanhante ao seleto grupo de amigos em círculo, desejando naquele espaço de tempo ter dito “meu amor” ao invés de “minha amiga”, dando-lhe um beijo singelo na bochecha, enquanto permitiu que ela fosse fuzilada por perguntas vindas de todo o grupo. Ela respondeu todas as perguntas buscando sempre apoio na presença ao seu lado, as palavras entrecortadas por gestos, por olhares, por suspiros acompanhados de uma entonação amanteigada na voz, e a todo momento direcionando o olhar para aquele que a abraçava. “ Vamos reunir a galera amanhã na estação. Você vem?” Convidaram. “Não vou dar certeza pessoal... Eu e a Linda acabamos de nos reencontrar e talvez tenhamos outros planos para amanhã...” Franzindo os olhos, Marcos a encarava com ternura em rabos de olhos desconfiados, receoso por ter ultrapassado por assim dizer, algum limite dela, na resposta espontânea que deu ao amigo. No relógio central localizado no alto do chafariz da praça principal, bateram duas horas da manhã quando todos se despediram em frente da casa noturna denominada B’One com o frio cortando porta afora, cada um seguiu esgotados e satisfeito em passos apressados na direção do ponto de ônibus. “Aonde te deixo?” Marcos Hayashi perguntava já sentindo saudades, conduzindo-a rumo à estação do metrô subterrâneo enquanto Linda Harumi momentaneamente muda, sorriu envergonhada, com o rosto mais corado que o normal. “Me leva pra sua casa?” Ressabiada e com os olhos miúdos enterrados em sua direção, como uma cadelinha sem dono ela apertou ainda mais o braço encadeado ao seu. Por um instante de momento, com a mente de Marcos sendo pega desprevenida viajando em devaneios passados, ficou mudo. “Se você quiser é claro...” Ela reforçou o auto convite com a face insegura e envergonhada,respeitando as próprias pausas respiratórias do ar gelado adentrando as narinas, concentrando o seu olhar a partir dali, nas leituras de uma "aura" agora desperta, emitindo paulatinamente um brilho mais incandescente que antes.
Após apearem do táxi, ambas as mãos roçando a pele em toques singelos, finalmente seus dedos se entrelaçaram. “Nem em mil anos poderia ter imaginado reencontrá-la...” Marcos Hayashi comemorava em silêncio, a respiração ficando ofegante, e a imaginação a mil enquanto conduzia com doçura Linda Harumi já na entrada do pátio. “Cuidado com o degrau princesa!” Advertia carinhoso, controlando em pausas a excitação se avolumando na mente, enquanto admirava de rabo de olho a silhueta formosa revelada na penumbra da noite. “ Haha! Princesa? Nossa! Estou adorando esse seu tratamento VIP!” Ela subia lentamente cadenciando os passos, a lanterna do celular Iluminando o caminho, enquanto se esforçava para apaziguar o vestido florido, rebelde ao corpo, totalmente agitado com as rajadas de ventos vindo em ambas as direções. Dentro do apartamento N° 404, já protegidos da tortura congelante que ficara de fora, em um impulso logo eles se aqueciam abraçados. “Precisamos de um banho!” Linda se antecipou em falar, para logo em seguida, às pressas, corrigir o possível mal entendido sublimado nas próprias palavras: “ Quero dizer que eu preciso tomar um banho…” Energias inocentes estas, entremeando suas falas, passando a vibrar insinuações sensualmente mais provocantes na libido de ambos. “ Sim, claro! Vou pegar um roupão para você…” Suspirou.
Foi uma “puta grosseira” de um prostíbulo localizado no centro de uma cidade chamada Omya que anos atrás “roubara” a virgindade do inexperiente Marcos. Entre as “estocadas inseguras” ora ela folheava uma revista, outrora retocava a maquiagem borrada, mas sempre e compulsivamente recontando o dinheiro adquirido que escondia entre cobertores inundados de suor. Com as pernas arregaçadas, recebendo as idas e vindas frenéticas que estremeciam toda a extensão do seu corpo judiado, ela não se esforçava para esconder a má vontade do “ fazer ” expressado nos suspiros tediosos que bufava, nos olhares indiferentes carregados de desprezo, e principalmente na falta de educação que denunciava o cansaço da “ labuta exagerada ” que mulher alguma nunca deveria se acostumar. Dentro de uma cabine 3x1 mal iluminada, com homens e alguns jovens atrás da porta em fila ansiosos para adentrar, foi que Marcos Hayashi aos 16 anos de idade iniciava a traumática vida sexual que, dali pra frente, viciava sua carne, mas violentava inevitavelmente a sua alma. Agora Linda Harumi estava ali: lindamente provocante, insinuante em gestos inconscientemente diretos, arrebatada por desejos de compartilhar com ele, o abecedário completo do prazer quando é deliciosamente conjugados nos verbos: dar e receber amor. Mas Marcos respirando resquícios dessas mesmas frustrações passadas, instintivamente se fez de desentendido, corou nervoso, e insinuando à tarefas esquecidas, ele desprezou momentaneamente os clamores desesperados da sua faminta carne. “ Está com fome? Que acha de eu preparar um lámen pra nós!” Dizia partindo para a cozinha, lhe entregando um roupão amarelo, enquanto Linda envergonhada pelas recentes falas, fechava a porta do banheiro confusa. “Fiz besteira… como você é oferecida garota!" O quê ele vai pensar de mim?” Ela naufragava em perguntas confusas, tirando a roupa vagarosamente, e em paralelo, procurando defeitos em frente a um espelho que revelava seu físico, mas não as angústias brotando da sua alma. “ Burra, burra, burra...” Balançada pelas próprias condenações, ela achava repouso apenas na batida quente das águas que, inundando suas costas, descia suavemente ladeando e abrangendo as curvas acentuadas das nádegas.
Na cozinha, segurando uma faca afiada na mão, Marcos Hayashi preparava entre um suspiro e outro, os ingredientes que comporiam o preparo do alimento à base de massa: o kombu, o niboshi, ossos de carne, shitake e um pouco de cebola. Mantinha o pé segurando a porta da geladeira entreaberta para alcançar com a mão um par de ovos mexidos que quando quebrados, caiam na água fervente, diluindo e empedrando ao mesmo tempo. “ Que vontade de estar lá, tomando um banho quentinho, agarradinho com ela... ” Dizia degustando os pensamentos vindos do demoniozinho sibilando em seus ouvidos, os seus olhos revirados ao teto, já sentindo no corpo as velhas tremuras do prazer.
“Mas ela não é como as outras que eu comi...” Deu o veredicto final, se concentrando no tempero, despejando as verduras picadas na panela enquanto o macarrão duro amolecia aos poucos, no compasso das mexidas da colher de pau. O cheiro do lámen proporcionado nos vapores que subiam em espiral até o teto, seguia o fluxo do ar sorrateiro que entrando pela abertura da janela da sala, alcançava e engolia todos os ambientes do apartamento. “Que cheiro delicioso! ” De repente, Linda, a passos lentos, com o roupão grudado a um corpo jorrando vapor pelos ares, despontou silenciosa na porta da cozinha, e encostando no portal contemplava-o enquanto penteava com os dedos seus longos cabelos umedecidos.
Sobre a mesa, os tchawans esperavam virados de cabeça pra baixo bem ao lado dos hashis de madeira recém tirados de uma embalagem. Para acompanhar o preparo; shoyu, pimenta e um pouquinho de kurikake que era jogado sobre o arroz cozido sem um pingo de sal. “ Linda, use o meu quarto para se trocar! ” No quarto, já sentada sobre a cama, Linda Harumi vasculhava com olhos nervosos resquícios que porventura indicassem alguma pista, alguma mancha, cheiro ou algo que confirmasse que alguma presença feminina havia passado por ali. Não encontrou nada. Apenas fixado nas paredes, três pôsteres de tamanho 2x1 “embelezavam” o ambiente pouco iluminado, gerando um frenesi louco de imagens retiradas de revistas hentais (pornô). Em cada cenário, mulheres nuas em poses extravagantes e sensuais, revelavam as próprias “curvas” sem nenhum pudor. Por exemplo, na parede frontal, estampado estava a imagem de uma loira estonteante: só de biquíni e agachada de costas, ela segurava uma bola de basquete, glúteos quase ao chão, o rosto virado pra trás oferecendo um sorriso lindo carregado de provocação. Na parede lateral à esquerda, bem ao lado de uma estante montada de ferro encaixáveis, o segundo quadro apresentava uma morena escultural em meio à mata: sentada sobre uma grande pedra, as pernas entreabertas, o dedo indicador da mão esquerda passeando os lábios volumosos em um olhar inocente, subliminarmente convidativo ao prazer. À vista ficavam os seios fartos, as coxas grossas, a barriga bronzeada, e o sexo totalmente à mostra, sendo ladeado carinhosamente pela pontinha dos dedos da mão direita. Por último era a ruiva emoldurada no cantinho especial do quarto, por cima de uma escrivaninha coberta por livros e algumas revistas de sacanagem organizadas metodicamente em fileiras que faziam divisa com um porta canetas de aço. A terceira beldade estava suspensa sobre uma máquina de escrever antiga que, há alguns anos, Marcos Hayashi vinha dedilhando alguns poemas apaixonados. “Assim você acaba comigo guria!” Era exatamente assim que ele em seus devaneios frequentes, repetia sua confissão sem se cansar, sozinho no banho ou debruçado sobre a cama, devorando a imagem nua com olhos famintos enquanto arregaçava o “membro endurecido” salivando de desejo, saltitante na palma da mão. “ Nem consigo trabalhar amanhã ” Desejava-a com a boca, os pensamentos soltos e encravados em cada pedacinho do corpo dela: nos lábios carnudos insinuantes no movimentar da língua aos beiços, nos seios fartos carregados de uma volúpia descomunal que refletindo o rosado dos bicos pontudos expressava ainda mais a brancura da pele sedosa, na bunda redondinha, formosa em formas, empinando convites a deliciosas cavalgadas aceleradas, e por fim, na cerejinha do bolo, o gran finale, representado pelo sexo depilado, acentuado pelas marcas de um biquíni ausente, deliciosamente pronto para ser consumido a exaustão. Gemendo sempre baixinho acompanhando o movimentar frenético do vai e vem dos dedos cerrados, ele não deixava que nada passasse despercebido à sua mente, sempre voraz a tudo que, dependendo da quantidade dos pixels da imagem estática, pudesse ser deliciado.
Deslumbrada com a beleza das imagens, no entanto visivelmente perturbada com a rivalidade que elas representavam, Linda Harumi ficou por um breve espaço de tempo às encarando de frente; o olhar empoderando, a respiração firme e pausada na postura ereta do corpo que anunciava ali, algum tipo de futura batalha. “O reinado de vocês, suas piranhas, acaba aqui!” Dizia em falas esquizofrênicas, relaxando os ombros e as costas, sentindo-se mais leve, mais segura e liberta nas recentes palavras que expurgaram algum tipo de mal inconsciente. Em seguida, após vestir um moletom acinzentado, procurou na gaveta inferior da cômoda alguma meia que pudesse calçar. “Será que é o diário dele?” Lina Harumi manuseava um caderninho capa de couro, cor vinho envelhecido, com o tempo de uso já considerável, sem anotações externas que denunciassem algum tipo de função. Abri-lo sem ser descoberta era impossível. Trancado pelas bordas, um pequeno cadeado dourado garantia que o conteúdo das páginas, seja lá o que for que estivesse escrito, ficasse totalmente inviolável, definitivamente inacessível a olhares curiosos.
“ O lámen está pronto... ” Sobre a mesa, com os olhares timidamente trocados, eles se sentaram lado a lado, talheres à mão, servindo da panela à frente, deliciosa e convidativa aos olhos no saciar da fome acumulada, expressada nos roncos sugestivos do estômago que horas atrás vinha reclamando como cachorro louco. Dizendo “Oishi!” em japonês, Linda agradecia a Marcos Hayashi com a boca cheia do macarrão, ora suspenso sobre as duas ferpas do hashi que, enfiado entremeio aos fios, lutava para manter-se firme e ancorado aos dedos. “Vamos ouvir uma música?” Retirando o CD da Roxette do estojo, Marcos o encaixou cuidadosamente no compartimento do aparelho eletrônico, girando o botão do volume até que a canção Listen To Your Heart, já audível em som ambiente, começasse a tocar:
“I know there's something in the wake of your smile
I get a notion from the look in your eyes, yea
You've built a love but that love falls apart
Your little piece of heaven turns too dark…”
Finalizado o jantar, eles se sentaram na sacada do apartamento. Com o coração mais acelerado, a respiração ofegante em ciclos se alternava de acordo com a temperatura no interior do edredom enroscado em ambos os corpos à convites de contatos mais aflorados. “A lua é linda!” Ouvia-o dizer poemas ao pé do ouvido, aveludando as palavras, e com o olhar amoroso, Marcos ajustava o tom da voz na altura perfeita que não atrapalhasse a melodia de amor que continuava entoando vibrações carregadas de candura a partir do aparelho na sala.
“ Eu a perdi uma vez…” Marcos ditava promessas que insistia que iria cuprir a ela, o seu olhar ficando sério, apertando seguidas vezes um chumaço do edredom felpudo que ia reduzindo cada vez mais o espaço entre os dois corpos se ardendo de desejo no resvalar nada sutil dos toques eletrizados. “Ah mas éramos apenas dois jovens apaixonados... Enroscada ao seu peito e com a ponta dos dedos, Linda identificou uma estrelinha sob a lua, reluzindo seus raios cintilantes na penumbra da noite. “ Vamos compensar agora, né princesa ? Ao ouvir a energia vibrando destas doces palavras, Linda Harumi duplicou o sorriso espaçando ainda mais o espaço entre os lábios, agasalhando no coração de mulher sensibilizada com o cenário, as doces seguras palavras recém-ouvidas ao pé do ouvido. “ Podemos sim e vamos! ” Marcos Hayashi reforçou novamente os abraços, o seu semblante esmagando o dela, sorvendo com a língua o excesso do chocolate que ficara salpicado em um dos lados da bochecha. O carrossel girando no aparelho de som, por fim alcançou o último CD posicionado e, no compartimento sobre o laser, posicionou a música romântica La Solitude de Laura Pausini:
“Marco se n'è andato e non ritorna più
E il treno delle 7:30 senza lui
È un cuore di metallo senza l'anima
Nel freddo del mattino grigio di città
A scuola il banco è vuoto, Marco è dentro me
È dolce il suo respiro fra i pensieri miei
Distanze enormi sembrano dividerci
Ma il cuore batte forte dentro me”
Ali, sobre o luar, os rostos corados levemente sendo iluminados, eles deram o primeiro beijo de amor que, dali pra frente, selaria o reinício da relação iniciada na adolescência. Debaixo do cobertor, ora os corpos se fundindo nos abraços apertados, outrora as mãos soltas à vontade brincando apalpadelas entremeio ao vácuo, deixava a pele toda eletrizada, desejosa por mais, carregada de uma ânsia insaciável por toques mais acalorados. “ Sou toda sua amor!” Linda Harumi se jogou sobre seu corpo, o olhar levemente ficando devasso, se distanciando rapidamente da timidez inicial, incentivada ainda mais pelo alastrar da ardência úmida no enroscar frenético das duas línguas. “ Vem cá... não foge! ” E ela o segurava em suas falsas escapulidas, ambos os sexos estimulados debaixo da roupa, a sua boca carnuda toda enlouquecida, desejosa por mais, naufragando em um mergulhar cada vez mais profundo dentro dos lábios do amado.
Linda se entregava sem economias, excitada pela voracidade dos beijos contínuos, pelo calor tempestivo gerado nos abraços mais apertados, mas sempre e paulatinamente testemunhando o desnudar do próprio corpo no avultar nada sutil de dois olhos incinerados. Ainda que se sentindo sequestrada pelo desejo de satisfazer a ele ou mesmo ansiando querer mais pra si dele, ela permanecia totalmente entregue diante das investidas sequenciais, palpáveis, ou gustativas, não interrompendo as preliminares nem diante das tão necessárias golfadas de ar. “Fica louquinha pra mim, fica princesa?” O amado balbuciava para uma mulher cada vez mais perdida nos próprios sentidos, a cabeça emborcada para o lado em desprezos dos cabelos sobre o ombro, permitindo com estes submissos atos, uma passagem mais convidativa ao prazer, carregada de provocações eróticas, aprisionando parte dos desejos de Marcos focado na consumação exacerbada da pele nua em volta do seu exuberante pescoço. “Ai que tesão...” Sem piedade Marcos caia esfomeado, o pensamento acelerando o palpitar do coração nos gemidos crescentes ao pé do ouvido, beijando a pele dela com carícias provocativas no passear sensível junto aos lábios, em suaves mordidas no lóbulo inchado de desejo, seguido por intercaladas enfiadas da língua no fundo do orifício do ouvido. “Hum, já estou tão molhada...”. Excitado, Marcos finalizava o ciclo degustativo com chupadas mais sedentas que as iniciais, sua língua serpenteando roxeões à flor da pele, notórias a ver de longe, afogando cada vez mais a libido de ambos no desejo louco de adentrarem o próximo estágio.
Grossas nuvens formando no horizonte, e o próximo estágio acontecia estritamente às apalpadelas aprofundadas, a mão de Marcos adentrando o moletom de Linda, a pontinha das unhas arranhando suavemente a lateral do dorso dela, a deixando toda arrepiada, louca de desejo por ele que, suas mãos subindo o sutiã, não saia dali, até vencer o adversário empacado, o fecho não sincronizado com o tesão arrebatador que há muito tempo já engolia os dois. No concentrar mental entre as pausas para a respiração, finalmente o fecho se abriu, os sorrisos antes abafados coloriam mais o rosto, as mãos resfolegantes por tatear tanto, finalmente degustavam toda a volúpia de um par de seios extremamente fartos. “ Também estou pegando fogo...” Marcos Hayashi advertia sem parar e ela ficava cada vez mais excitada nas carícias, nos afagos, no movimentar da pontinha do dedo pressionando levemente os bicos dos seios e os deixando mais inchados, entumecidos e desesperados por mais. “Agora desce um pouquinho...” Em seguida, como um cachorrinho bem adestrado ele fielmente obedecia, descendo ao ventre chapado, passeando os dedos na extensão da virilha, estacionando nos pelos pubianos macios e escassos, ora puxando-os levemente como se quisesse arrancá-los, outrora massageando por cima como uma mãe amorosa acariciando os cabelos do filho.
Ali na virilha, a calcinha apertada denunciando tatilmente a umidade do sexo vazando o exterior do tecido, os dedos dele ficaram mais agitados, mais sedentos, mais ansiosos por causa do ritmo pulsante do sangue que, circulando com maior rapidez nas têmporas da testa, aumentava cada vez mais a pressão sanguínea dentro da cabeça. “Que bucetinha molhada..." Assim, narrando seus laboriosos atos, Marcos começava devagarinho, acariciando o clitóris em movimentos suaves, às vezes frenético no enrijecer dos dedos, mantinha estes movimentos por alguns segundos, depois voltava a ladear os lábios de cima a baixo, arregaçando a abertura da vagina, sempre com o extremo cuidado de não feri-la com as unhas. Na entrada do orifício, com o desejo sexual alimentando a sua sensibilidade criativa, Marcos Hayashi sentia o próprio “pau” ao invés de “dedos” endurecidos: indo, vindo, estacionando lá no fundo, depois voltando e entrando novamente, retornando a ladear os grandes lábios como no início, saboreando assim, devagarinho, palmo a palmo, toda a densidade cavernosa daquele sexo encharcado.“ Que vontade de chupá-la...” Diante de um par de olhos se cerrando, ele retirava e adentrava os dedos do orifício, e com a viscosidade fazendo ponte entre o indicador e o polegar, abocanhou os dedos com uma tal voracidade, que a deixava ainda mais excitada.
Era de se esperar que a chuva logo caísse do céu já tenebroso, anunciando o prelúdio que viria através das trovoadas que estremeciam os carros estacionados, os latões de lixo, os postes de ferro mal posicionados, os corrimões das escadas e seus parapeitos, as paredes de alvenaria, os telhados, as janelas, e toda a extensão da sacada onde eles se encontravam. “ Por favor, vamos entrar?” Ela agarrava-se a ele enquanto os clarões dos raios iluminavam como flashes instantâneos os ambientes antes ocupados apenas pelo negrume da noite; as vielas pouco movimentadas, o sombrear das árvores envelhecidas na entrada do pátio e os corredores dos edifícios vizinhos mal iluminados por causa da baixa potência da lâmpada. “Claro que sim! Vamos...” Ele com o olhar prestativo encadeou seus braços a ela que, sentindo o cheiro másculo exalando do seu corpo úmido de minutos outroras, agora lutava para manter toda aquela excitação incubada no seu corpo de mulher ainda não satisfeita. Caminharam até o interior da sala com os dedos entrelaçados, ambos os rostos selando-se entremeio aos beijos que aconteciam aos trotes, e quando atravessaram o ambiente, alcançaram por fim o aconchego do quarto quente, totalmente preparado ao prazer.
No canto esquerdo do dormitório, um abajur chinês com cúpula esbranquiçada e base em tons que se aproximavam ao vermelho sangue, estava localizado a ½ metro da cama. A partir dali, emergindo sua luzinha fraca e limitada, os feixes de luzes alcançavam apenas parte dos móveis e objetos que compunham o lugar, emergindo todo o resto do ambiente em uma penumbra amarelada que se permitia ver apenas vultos nas sombras. “Safadinho você hein...!” Dando voltas ao redor e se posicionando fronteiriço as paredes do quarto, para o provocar, ela encarava as três imagens emolduradas, arranjadas de tal forma que, a iluminação refletida diretamente nos retratos, acentuava ainda mais a beleza irradiando de cada uma das daquelas deliciosas curvas estáticas. “São só pôsteres que não significam nada...” Usando argumentos que mantinham a suavidade do clima ainda pairando no ar, ele a apertou no peito, deu-lhe logo um beijo ardente, sugando todo o fôlego que ela tinha reservado para revidar em palavras. “E eu?” Sorrindo baixinho entremeio aos gritinhos de prazer sufocado que quanto mais ela emitia, ele delirava, seu pescocinho sensível ficou totalmente exposto às carícias vorazes dos lábios incendiados de Marcos. “Você é o meu xuxuzinho!” Respondendo respostas agradáveis, ele a abraçava cada vez mais forte, temperando com humor as palavras salpicadas com ternura, emulando à partir do coração que em outros tempos estava desassossegado, o amor adolescente interrompido anos atrás, e que agora, se ascendia em envergadura e presença, anestesiando a psique de ambos em confortos verbais e carinhos visíveis, expurgando de dentro dela, qualquer tipo de malícia que porventura instigasse a continuar se avolumando de ciúmes infantis. “Assim você me ganha!” Agora, com o ar do ambiente mantendo sua nobreza, o mesmo inspirava leveza, e impregnado das liberdades não palpáveis que tanto protegem e estimulam os amores, eles voltaram a se aconchegar nos abraços.
A música havia parado de tocar no aparelho quando o som da chuva torrencial começou a despencar do céu. Inicialmente foram pingos pipocando sobre o telhado que, quando se avolumavam na calha, transbordavam na parede e desciam inundando as bordas janela, deixando a vidraça completamente enervada por grossos fios de água que se enraizaram. “Que fofinho !” Retirando a calcinha rosa de Linda, Marcos a deslizava entre as pernas entreabertas, enquanto ela o encarando na direção dos seus olhos, se situava através do brilho ocular emitido graças a uns poucos feixes de luzes que ricocheteava em um espelho e jorravam entremeio a escuridão do quarto. Com as mãos segurando o objeto íntimo, ele o levou até o rosto, acariciou a própria pele como se fosse a dela, e em seguida buscou entremeio as linhas do tecido de algodão, o cheiro exalando da essência úmida impregnada no seu interior..“ Tem um odor maravilhoso ! ” Era o que repetia antes de entrar em um transe louco que o levou a sugar todo o resquício do líquido viscoso que pairava na superfície do algodão. Marcos a elogiava lambendo os próprios beiços, passeando a língua aos lábios, acariciando o membro endurecido trincando pulos desesperados para fora da calça. Como uma mulher não enlouquecerá de prazer diante destes atos? Ver o amado se satisfazendo assim; como um cachorro doido, faminto de desejos, degustando “sabores” e consumindo “odores”, o olhar faiscando contatos mais aprofundados na pele dela, a sua boca gulosa pipocando em brasas, desejando a todo custo bebericar toda a sua intimidade?
“ Mantenha bem abertinha para mim... ” Marcos segurava suas pernas entreabertas, enquanto descia a sensibilidade do seu rosto devagarinho, suavizando toda a extensão da pele dela. “ Tá gostoso assim? ” Passeava a língua úmida no interior das coxas, saltitava entre elas, até chegar pertinho dos grandes lábios. Apesar do tesão implorando por extravasar, ele não adentrou por um instante. Permanecia apenas ladeando lábios e língua por fora, energizando a libido aflorada nos toques singelos na pele do seu rosto provocando a pele dela, enquanto beijos e mordiscadas suaves eram alternados rente à divisa, arrepiando Linda Harumi ainda mais no desejo louco de ter todos aqueles limites íntimos ultrapassados. “ Tá judiando demais de mim...” Linda emitia gemidos suaves, os olhos semicerrados ao céu, adocicando a voz no rebolar perfeito que poderia colocar o pingar do seu sexo, mais bem posicionado frente a lábios vertendo lavas incendiárias. Com as pernas tremulando sobre os seus lábios, finalmente Marcos Hayashi decidiu que a doce tortura chegava ao fim. “ Enfia essa linguinha lá no fundo, por favor… ” Enlouquecida nos estímulos e ainda mais sendo consumada a exaustão por uma boca esfomeada, ela desfrutava o desidratar dos próprios fluídos entremeio a uma língua louca, serpenteando enrijecida sobre o clitóris vibrando cada vez mais intumescido. O amado lambuzava os beiços, a pausa para as suas respirações sendo adiadas, a língua, os lábios, e a boca por um todo sempre prudentes na aceleração frenética que desprezava ainda mais os protestos alarmados pululantes no aperto da própria calça. Lentamente, palmo a palmo, com a língua tateando aqui e ali ansiando por absorver resquícios de sensibilidade ainda não explorada, Marcos subia e descia devagarinho, palmilhando olfatos, degustando com excelência toda a textura da pele sensível envolta da vagina. Com a pontinha dos beiços, os dentes acovardados dentro da sua boca, ele puxava cuidadosamente os lábios vaginais: ora os esticando de encontro a si, outrora soltando-os de volta, mas sempre e repetidamente voltando a esses mesmos atos de provocação, gerando dessa forma, uma tensão sexual assoberbada em gemidos cada vez mais carregados de gratidão.
Linda Harumi suplicava a ele, e ele com a excitação expressada na face avermelhada, mergulhava cada vez mais fundo dentro dela: tateando o interior da intimidade, sentindo as fissuras cavernosas no penetrar inicialmente tímido, e em seguida perfurador da língua até o fundo, mas sempre engolindo e engolfando em êxtase absoluto cada pedacinho da sua libido transbordante de mulher lucidamente entregue. Abandonando os trejeitos ora iniciais, de súbito ele alternou o tom das investidas, antes lentas e delicadas, para em seguida se lançar com maior avidez, maior gula e uma sede insaciável na agressividade enternurada que tomava conta da sua língua. “ Uiiii, Marcos, eu estou quase gozando!”
Ela arfava transes carregados de extrema sensualidade; serpenteando o corpo e revirando os olhinhos para o alto, expressando nestes sequenciais atos, todos os desejos outrora reprimidos no ser e agora, expressos no mordiscar frenético das unhas aos bicos dos seios, das mãos galgando carícias em volta do pescoço e lóbulo da orelha, movimentos incontroláveis que a deixaram toda inundada, desejosa ao extremo, fielmente descabelada diante do frenesi possuidor de promessas de êxtases absolutos. “Não para que eu vou gozar!” Quando ouvia este tipo de confissão, Marcos dava brecadas propositais como parte de seus planos de prazeres quase eternos, cheios de malícias, com os lábios umedecidos se afastando do sexo temporariamente desidratado, e arrancando nesses covardes atos, protestos acalorados carregados de uma ansiedade descomunal, ainda mais expressados no rebolar ensandecido das nádegas sobre seu rosto. “ Aguenta mais um pouquinho...” Marcos também empacava excitado, seus olhos encarando um olhar desvanecendo, mas sete segundos depois ele voltava a apertar o botão do start com mais vontade, maior voracidade e grande desejo nos lábios entremeando as pernas dela; degustando os sabores, consumindo os mesmos odores, fibrilando as velhas palpitações em um bailar nada sutil do clítoris sob a vibração mais enérgico da sua língua.
Após sequenciais investidas assim: frustrantes e ao mesmo tempo provocantes na carne suada, a excitação de ambos novamente alcançava o nível máximo; ele voltando da embriaguez, subia até a virilha, passeava a língua sobre o ventre dela, ladeando sempre em sentido horário ou ao contrário os biquinhos pontudos e rosados aprumados em ambos os seios. Por fim, pairava sobre o rostinho angelical e lindo levemente desfigurado pelo prazer interrompido de minutos outroras. “ Agora sente o seu gosto na minha boca! ” Marcos ia ordenando submissões e despejando na boca dela toda a essência do sexo ainda pairando sobre seus lábios, e Linda Harumi gemia mais enlouquecida, se perdendo nos cheiros, nos gostos, nos próprios fluídos a sublimando em metamorfoses embriagantes da própria sexualidade. “ Fica de quatro...” Ela totalmente turva entre os sentidos rodopiando, logo ficou de quatro, enquanto ele afrouxando o cinto da calça, tirou o jeans apertado denunciando um volume exagerado dentro da cueca box. “ Putz, esqueci o preservativo...” Expressando preocupações no semblante, Marcos ia revirando as gavetas da cômoda e do guarda roupa, o membro endurecido bailando vendido no ar, enquanto ela enlouquecida suplicava cada vez mais alto para logo ser penetrada...
“ Te quero por inteiro… ” O provocava em palavras suavizando gemidos em seu ouvido, tentando-o com o timbre da sua voz ficando enternurada, oferecendo ali toda a volúpia dos lábios vaginais arregaçados e ainda mais valorizados no rebolar provocante das nádegas passeando sofregamente para ambos os lados. Com o rosto enterrado no colchão e a curvatura perfeita da coluna indo de encontro com um arrebitar cada vez mais acentuado da bunda, ela insistia: “ Ah! Assim não! Vem logo Marcos...” Agora Linda ordenava em gemidos, e ele de pronto obedecia em desesperados desejos de obedecer; optando assim por deixar do lado de fora do quarto; todas as disciplinas latentes que poderiam por hora, evitar preocupações carregadas de reticências futuras, desprezando nessa forma de agir e mal calcular, quaisquer empecilhos ao prazer corroborado nas duas carnes que finalmente se esfolavam. “ Que fogo...” Em baixos sussurros e com a respiração ofegante, Marcos sentia o pulsar do próprio sangue circulando incontrolável nas veias, enquanto ela desfrutava centímetro a centímetro conforme a consumação operava por baixo das suas operantes nádegas. “ Mete com mais vontade... ” Linda Harumi se sentindo ávida, com tamanha eroticidade mordeu o travesseiro, e com o sexo sendo arreganhado em um cravar de dedos afastando ambas as suas coxas para os lados, com as intimidades escancaradas, ela testemunhou seu clitóris tremer e vibrar em um aperto sufocante socando sequenciais intensidades por baixo das suas nádegas.
Percebendo o seu sexo friccionar suavemente o “ ponto de contato” do outro sexo, ele com a mão esquerda apoiado sobre a bunda dela, buscava apoio para investidas mais emborcadas, perfeitamente mais bem posicionadas, realizando movimentos transversais no penetrar, ou verticais o suficiente para que os pés levemente em suspensão junto ao corpo favorecessem um ângulo melhor, um colocamento melhor, facilitando dessa forma uma postura mais adequada para que a rigidez peniana infringindo o clitóris intumescido, o esmagasse sucessivamente em todas as investidas de entra e sai. E assim foi. Sucessivamente, exaustivamente, calorosamente provocando o desejo sexual tempestivo, a eletricidade afrodisíaca se apoderando de ambos os corpos inebriados por mais, o prazer não maduro emergindo a virilha, se espalhando pelos músculos em calafrios reconfortantes carregados de promessas de devaneios altissonantes, a tensão tão estimulada nas preliminares, saldada ali, nos pensamentos não mais confundidos e muito menos controlados pela consciência já livre das prisões, liberta dos atrasos, se entregando de vez na luxúria do gozo explodindo no corpo e na alma de ambos. “ Linda! !” Ele dizia “ Marcos !” Ela respondia. Encerrando os gemidos, jogados um sobre o outro, totalmente nus e encharcados pelo deleite percorrendo os corpos, eles adormeceram.
Com o irromper do sol no horizonte denunciado que o alvorecer havia principiado, ambos se sentiram levemente atordoados quando no abrir da janela do quarto, golpes de ventos carregados de resquícios da neblina que havia varado a madrugada ainda insistia umedecer a camada de ar, somando-se ao cheiro das flores e das árvores, principalmente do pessegueiro plantado na frente do edifício, inundando ambos os pulmões de uma essência revigorante que rememorava antigas recordações no peito de Marcos. Ficaram por alguns instantes posicionados assim, os rostos sobrepujando parcialmente o limite da janela, avistando ao longe as montanhas, as nuvens pairando quase inertes sobre elas, e toda a vegetação limítrofe pelo alcance de dois pares de olhos encantados com a beleza do cenário. “ Que vista privilegiada! ” Ela bocejou esticando os braços outrora repousados nos ombros de Marcos, procurando a melhor posição para aproveitar a infusão dos raios solares que, jorrando ambiente adentro, aquecia parcialmente a nudez feminina refletindo um brilho mais incandescente através da pele.
“ Daí alguém pode te ver... ” Ele sorria sussurrando ciúmes brotados inconscientemente, para em seguida jogá-la sobre a cama, se esforçando a todo o instante para imobilizá-la com o corpo estendido sobre o dela. “ Eu quero que me vejam como vim ao mundo! ” Dando risadas golfadas entremeio a provocações acompanhadas de remelexos de quadril, Linda Harumi brincava de se soltar até sentir o fôlego se esvair nas cócegas que recebia na sola do pé, nas axilas e principalmente na cinturinha tão sensível ao encravar dos dedos de Marcos. “Ainda não te disse bom dia meu bebêzinho lindo!” Ainda nus, eles já se encontravam enroscados, e apesar do leve incômodo apontado através do bocejar dos hálitos, logo as bocas se avançaram em um tripudiar frenético de línguas e lábios em total desconsonância com hábitos rotineiramente matinais. “Assim você acaba comigo!” Em um meneio, ele foi jogado de costas por ela, e ela já sobre ele, oferecia toda a volúpia de ambos os seios eriçando os bicos quando posicionados fronteiriço a voracidade dos seus lábios. “Mama gostoso meu bebê!” O provocava sem se deixar penetrar, apenas saboreando os lábios vaginais passeando com eles na ponta do membro ficando endurecido, e o encharcando no mel que escorria gradualmente pela cabeça, lambuzando toda a extensão nervurada, até se acumular viscoso no limite das bolas massageadas pela delicadeza da sua dedicada mão.
Encarando-o no fundo dos seus olhos, carinhosamente Linda sorriu o provocando: “ Você vai ver o que é bom para tosse! Ontem a noite me torturou, agora sou eu que vou te pagar na mesma moeda! ” Degustando um duplo prazer; tanto no proferir dessa covarde promessa quanto no vislumbre da “ dureza “ posicionada a poucos centímetros do corar do seu rosto, com o serpentear da pontinha da língua, ela umedecia os lábios em provocações contínuas e não amenizadas no olhar devorador estampado na sua bela face. " Vai me fazer gozar com essa boquinha? ” Ele deitado de costas, mantinha contínuos emborques de coluna para vê-la trabalhando lá embaixo, antecipando na mente e na carne, a colheita do prazer sexual proveniente da noite anterior que, após ter semeado exaustivamente em frenéticas labutas de língua e lábios, chegava carregado de promessas de devaneios deliciosamente ainda indefinidos. Mas com intuito de torturá-lo, ela ficou inerte por alguns instantes, apenas encarando-o e se deliciando no desespero expressado em seu semblante: “ Hum… Esse pau vai ficar mais gostoso na minha boca!” Com o corpo tremulando da ansiedade que o revolvia em remexidas ensandecidas pelo logo aquecer de seus doces lábios, e apesar dos seus desesperados atos; ora segurando um chumaço do seu cabelo e direcionando o orifício da boca para perto do palpitar do seu sexo, outrora implorando o logo realizar daqueles prazeres já efervescendo em gemidos silenciosos e desesperados, Linda não cedeu. Desejou excitá-lo além. E assim, consequentemente o resistia realçando cada vez mais o verbalizar das suas promessas.
Com uma das mãos soldada sobre o sexo, com a outra ela se esquivava do desespero de Marcos Hayashi, agarrando-o pelo punho da sua mão direita, para em seguida devorar gradualmente toda a sensibilidade contida em cada um dos seus dedos. Com um biquinho beijava as unhas e dali com um sensual afastar de lábios, sua boca úmida o sorvia como se fosse uma luva em idas e vindas, incendiando cada vez mais a sensibilidade já refletida em tremulações nervosas que vagarosamente subia pela espinha dorsal dele e explodia deformando o seu rosto. Sussurrando repetidamente: “ Tá gostoso bebê? ” Ela proferia palavras aveludadas, os olhos amendoados, naufragando o silêncio ensurdecedor da manhã nos gemidos que naturalmente se misturavam com o início de uma melodia de pássaros que se iniciava no beiral da janela. “É assim que vou fazer com você!” E tornava a engolir os dedos e gemer, aumentando o ritmo ou diminuindo, alternando entre os dedos frios e secos e os deixando novamente quentes e umedecidos. “ Que sede da sua boca bebê…” Se lançando rapidamente sobre ele, novamente ela se afogou em sua boca, beijando-o sofregamente, mordiscando seus lábios ainda anestesiados dos prazeres outroras, e de lá, escorregando de línguas entrelaçadas, ia se aventurar entremeio a roxeões esculpidos e decorados sob a pele do seu pescoço exposto.
Mas de forma alguma ela se distraia do membro ainda tremulando abaixo, e paralelamente enquanto se deliciava descendo os lábios na caixa toráxica, nos bicos do peito e os mordiscando de leve, passeava sobre o umbigo e o provocava com a " quentura " da língua massageando o fundo do orifício. Em baixo, sob o massagear delicado de uma das mãos, ora Linda arregaçava a cabeça até esgoelá-lo, outrora encapuzava-o por completo também, persistindo nesses calorosos sequenciais movimentos até gerar um calor sexual intempestivo que só era amenizado no estimular mais intenso e mais frenético do arregaça e encapuza que paulatinamente ia emergindo a libido sexual do amado no anseio louco de logo ter o seu pênis exaurido no desforrar de lábios acelerados. " Garota, você é do mal mesmo!" Repetia sem se conter, os olhos docemente acovardados, os braços soltos e desenergizados, naufragando seu corpo carnal na imensidão dos estímulos estuprando seu ser, e o arrebatando ferozmente por dentro. Nos segundos que se seguiram, com a respiração atropelada na sensação chamuscante percorrendo em fagulhas de molestamentos no peito, desejou que seus desesperados anseios de devaneios se tornassem muito mais que eternos quando por fim a quentura abarcando aqueles doces acelerados lábios, cumpria a prazerosa promessa de o engolir. "Puta que o pariu..." Gemia já estando no céu: o movimento da cabeça da amada indo e vindo ocultando parte do seu sexo agargantado, sons sonoros de êxtases de delícias eram pronunciadas em gemidos não contidos que ora e outra arfava descargas elétricas afrodisíacas no intervalo de ambas as respirações.
" Chupa só a cabecinha..." Com a mão de Marcos segurando um chumaço dos seus cabelos alvoroçado, para lá ela subiu guiada deixando toda a extensão nervurada iluminada de saliva, e após segundos degustando em delícias a pontinha rachada, o encarava com gula cada vez mais expressa no olhar visceral abrilhantando seus olhos. Ali, diante dos desejos desesperados do amado, ela mergulhou mergulhos nunca imaginados com outros homens: com a libido desenfreada inundando o próprio sexo em gotejos de desejos sobre a perna e o cobertor, ora suas mãos calibraram o membro para que não ultrapassasse o limite do pedido, outrora desciam tremulando pelo corpo feminino até a vagina, degustando com os dedos eretos e cerrados, toda a extensão do pêlos pubianos, lábios e a entrada molhada. "Agora engole até o talo e acaba com o papai...!" Ao ouvir as orientações finais de Marcos, Linda Harumi se aprumou em desejos de obedecer para se lançar com muito mais prazer: retirou fios de cabelos que incomodavam a face e foi descendo e subindo, subindo e descendo, vagarosamente articulando movimentos com o cilindro de carne sufocando o aperto dos próprios lábios. " Hum… parece que ficou mais grosso hein?" Agora mais excitada e após cerrar a mão na base encharcada de saliva, laborou movimentos com o corpo nu, ajustando a posição corporal que mais cooperasse com a mecanicidade da sua língua e lábios, principalmente da garganta já desfrutando de gotículas precoces e salgadas, resultado dos estímulos cada vez mais enérgicos no passear descontrolado da outra mão sobre o próprio sexo, pois os dedos operando ritmados com o sugar da voracidade da sua boca, estimulavam brutos prazeres sob a sensibilidade de um clitóris se avolumando de gula carnal, afogado em ânsias, desejoso até os céus dos céus por aqueles breves segundos de gozos que quando alcançaram, a fez desfalecer e tornar uma só entranha com ele.
“ Que tal um banho juntinhos ? Podemos? ” Sorriam desorientados pelas energias raleadas de minutos outroras, e o piso gelando a sola do pé, agredia chacoalhões matinais conforme eles iam trotando até o registro da ducha. Mas nem tudo se trata só de sexo, carnes esfoladas e suores respingando de corpos eletrizados até a alma. Há um sentimento sim, ou melhor, uma “verdade ainda oculta em sentimentos” e que é um tanto quanto essencial dentro de um relacionamento que vai se desenvolvendo aos poucos, entremeando as experiências das trocas recíprocas, fortalecendo a conta-gotas todas as bases subjetivas do que no íntimo já deseja ser puro e incondicional. E quando esse processo é genuinamente forjado no espelho da verdade tateando as verdades que mais despontam de dentro do coração, esse jeito de se encarar para se enxergar, vai tecendo caminhos decididamente compartilhados, enredos mais solidificados, carregados de mais significados se aflorando em cuidados, proteções, carinho curador de feridas, um conjunto de anestésicos psicoemocionais para a epiderme do ser frente ao que, na vida comum de um casal, ainda vai se desenrolar em muitos sequenciais amadurecimentos, até se metamorfosear por completo do rio vertendo o inundar de experientes lágrimas, no que seja o desabrochar do verdadeiro amor.
Do nada, “ flagelos do passado ” tornaram a reviver, avultar corpo e carne, sequestrando Linda em uma “ insegurança repentina ” que já deixava seus olhos verdes marejados de lágrimas. “ Dessa vez vai ser diferente! ” Insistia silenciosamente para si em meio aos conflitos; os ossos titubeando o peso do corpo no bambear dos músculos das pernas, as tremuras crescentes fibrilando na boca do estômago, e o peito suado, sufocado na ausência do ar que grotescamente minguava na mente. Tudo junto e eclodindo, elevou a ansiedade de Linda Harumi ao seu estado máximo. Ela buscou alento entre os movimentos, mas não encontrou.
“ Está tudo bem? ” Assim, deitada sobre o piso, o antebraço direito sobre o rosto como venda sobre os olhos, ela sofreu acovardada o peso de cada pancada existencial refletida nos pavores angustiosos, nas sequenciais lembranças ruins que cansaram de lhe roubar o sono da noite, nos traumas, nas frustrações, nas desilusões, nos abusos, e no sentimento de abandono que insistia a todo custo acompanhar seus antigos relacionamentos.
“Eu sinto que eu sinto excessivamente…” Ela recordou dos diagnósticos da terapeuta, os braços circundando o corpo nu coberto pelo cabelo molhado, enquanto expressava um choro sendo reprimido no intervalar de cada respiração. “ Pelo amor de Deus Linda, me diga o que está acontecendo com você? Foi algo que eu fiz? ” Ali, já sentada no chão, ela encontrou auxílio apenas nos ensinamentos fraternos ouvidos desde a infância pelos pais e tios, nas lembranças das falas solidárias que adentrando madrugada a fora pareciam nunca esgotar os diálogos entre os amigos, nas orações que ouviu na igreja, na Palavra que proferiu na solidão do quarto, nas recordações da paz desfrutada entre as meditações diárias.
“Eu não fui totalmente sincera com você Marcos…” Aconchegada sobre a cama, com os braços firmes em abraços dando voltas nos joelhos, Linda Harumi voltava a derramar pequenas lágrimas alinhadas com um sentimento palmilhando cuidadosamente as escolhas das suas palavras, ladeando os suspiros irreprimíveis, margeando as confissões que sofregamente ela revelaria a seguir: “ Me perdoe a maldade que fiz a você Marcos … Eu não deveria ter te envolvido nisso... ” . Confuso e ficando angustiado, Marcos se manifestou: “ Que maldade você fez para mim Linda? Por acaso isso é alguma brincadeira? Putz, realmente não estou entendendo nada…”
Limpando as lágrimas com as bordas do roupão, e lutando inutilmente consigo para empoderar o próprio semblante, Linda não pode sintonizar-se com o brilho confuso emitido pelos olhos dele, e aos soluços, confessou aos prantos: “ Sou uma mulher casada Marcos… Sou uma mulher casada…! Me perdoe esta grande maldade! ” Portanto, como ele nunca imaginou vivenciar uma situação como aquela que ela também demonstrou ao longo da noite, ter na alma e no corpo a âncora ancorada nos refrigérios das paixões reavivadas, Marcos Hayashi sem saída, e não tendo outra alternativa, passou a cultivar um silêncio de início ensurdecedor.
Ainda aos prantos, ela insistia: “ Me perdoe Marcos! Te encontrar foi um tipo de presságio, milagre, sei lá, mas que está sendo um refrigério indescritível pra mim. Meu mundo está desmoronando e não sei o que fazer…” Ela suspirou e prosseguiu: “Ontem a noite brigamos feio, saí sem rumo, perdida, só queria tomar um ar, daí eu te vi e…” Com o rosto cabisbaixo, escolhendo cuidadosamente as frases e picotando palavras julgadas desnecessárias, Linda Harumi demonstrou, apesar do corpo ainda envergado, vestígios de uma coragem crescente que de fato a ajudou a voltar-se para ele e encará-lo nos olhos “ Marcos, por favor, fala alguma coisa…”
Após liberar uma golfada de ar, Marcos mantinha seu silêncio enclausurado no corpo nu debruçado sobre as bordas da janela. O rosto se aquecendo rebelde ao sol, a íris se acostumando a luminosidade adentrando o ambiente, e a cabeça sendo sustentada pelo apoio de uma das mãos vacilando o peso da mesma para ambos os lados. Vagarosamente, ele inspirou e respirou sequencialmente respeitando as pausas profundas, profundas pausas ante o absorver do ar denso e gelado parido no encontro dos vendavais noturnos da noite de outrora, com as névoas advindas das montanhas distantes. Acendeu um cigarro e abraçou-se. Na verdade, abraçou-se como nunca antes tinha-se abraçado, e chorou. Conseguinte ao enxugar das lágrimas, mergulhou mergulhos em seus pensamentos mais confusos e, após longos minutos inerte com o olhar mirando o nada diante de si, submergiu do seu mundo interior transbordando de lá, o alívio alentador das inocências que inocentaram a aura já se sentindo generosamente liberta do inundar intrépido de sentimentos esvoaçados.
Serenando o semblante agora esvaziado das angústias que o cerraram a face, ele expurgou-se de todas as culpas e, voltando-se a se alimentar de pensamentos carregados de amor, encapsulou-se por completo em auto perdões contínuos que, abrilhantando seu olhar, resguardou a psique que lutara ferozmente para voltar a se equilibrar. Interiormente, Marcos Hayashi, já naquele início de manhã avançada, se anestesiava no horizonte das primeiras movimentações iminentes vindas do comércio iniciando suas atividades, dos passos descompassados dos transeuntes cruzando ruas e calçadas, e enquanto uma brisa suave passeava reconfortos em seu rosto, seus ouvidos antes consumidos naquela rotina vibrando desgastes, adorou todos os sons sobrevindos até a janela, principalmente dos automóveis a transitar velozmente, segundos seguintes a semáforos totalmente esverdeados.