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Tom Hanks muda tempero de comédia romântica estrelada por Júlia Roberts

Esqueçam o glamour. A nova geração de comédias românticas procura enaltecer e valorizar o homem e a mulher comum. Alguém que poderia ser o seu vizinho. Em sintonia com os novos tempos de crise nos Estados Unidos, Hollywood procura uma identificação maior com o público de hoje, abrindo mão de alguns elementos clássicos do gênero. É o exemplo do filme Larry Crowne – O Amor Está de Volta que reúne Tom Hanks e Júlia Roberts.

Tom Hanks dirige o filme, cujo roteiro foi escrito por ele e Nia Vardalos, da simpática comédia Casamento Grego. Hanks ainda atua como o protagonista Larry Crowne, um homem comum dedicado a seu trabalho que, repentinamente, é demitido por não ter formação universitária. Ao longo do filme, Crowne vive as angustias de seu tempo. Perder um emprego, não poder pagar a hipoteca de sua casa, se mudar para um lugar mais humilde, procurar se reinventar. Na busca pela sobrevivência (no Brasil, sabemos muito bem como é isso), Crowne se matricula numa Faculdade, enquanto procura por emprego.

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A professora de Crowne, Mercedes Tainot, papel de Roberts, entra em cena sem qualquer glamour. Ela não parece uma modelo internacional que poderia estampar outdoors ou fazer comerciais de perfumes caros. A preocupação do filme é também apresentá-la como uma mulher comum. Temos uma visão da atriz como em seus primeiros filmes, antes da fama. Tainot é uma mulher metódica, exigente e frustrada no casamento que resume sua vida a atormentar seus alunos e a descontar suas frustrações na bebida.

A aproximação de Crowne e Tainot é gradual, sem soluções fantásticas. Não ocorrem as viagens poéticas do último filme de Woody Allen, Meia Noite em Paris, ou a revolução de um país que resulta no incidente diplomático de O Terminal. As situações vividas no filme Larry Crowne poderiam ter acontecido a qualquer pessoa que conhecemos. Aos poucos, o personagem de Crowne vai ajustando sua vida e superando problemas. O reflexo de suas atitudes e seu otimismo influenciam todos ao redor, inclusive a professora Tainot.

O tom simplista combina com o estilo da roteirista Vardalos. Entretanto, em algumas vezes, beira o banal demais. O que prejudica o filme. Em nenhum momento, Crowne mostra sinais de fraqueza, frustração ou desespero, mesmo ao confrontar graves problemas em sua vida. Hanks procurou evitar explorar sentimentos negativos para não perder o tom de leveza típico de uma comédia romântica. Mas é nesse aspecto que o filme se distancia de uma visão realista. O que provocou uma recepção morna do público e várias críticas negativas. Mas Larry Crowne tem seus acertos, especialmente na química do casal principal que esbanja simpatia e nos faz querer acreditar na história.

A linha cinderela modernizada que consagrou a atriz Júlia Roberts em filmes como Três Mulheres, Três Amores, Flores de Aço e no sucesso Uma Linda Mulher, normalmente mostram uma jovem pobre, simples, sem requintes que conhece o amor através de um homem (o príncipe encantado) que a transforma e muda a vida dela para melhor. Tom Hanks contribuiu com o gênero através de histórias de amor idealizadas, temperadas de fantasia e distantes do cotidiano, como em Joe Contra o Vulcão, Sintonia de Amor e O Terminal. É até estranho ver Hanks e Roberts atuando como pessoas tão comuns.

A estrutura apresentada em Larry Crowne aproxima o filme de outras comédias românticas recentes como Comer, Rezar e Amar, também com Júlia Roberts, e Sob o Sol de Toscana. Mas a leitura simplista e ingênua da vida e do amor em tempos de crise remete a filmes mais antigos como os clássicos dirigidos por Frank Capra, A Felicidade Não se Compra, A Mulher Faz o Homem, Do Mundo Nada Se Leva, Adorável Vagabundo ou Galante Mr. Deeds. Na época de Capra, os Estados Unidos também vivia uma crise econômica e Hollywood se fortaleceu no período vendendo ilusões e irradiando otimismo. Tom Hanks adota Frank Capra para injetar otimismo nos ânimos dos norte americanos. Eles precisam mesmo.

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Atualizado em: Qui 17 Nov 2011

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