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MEU CORAÇÃO ERA UM SERTÃO

Amo as palavras bonitas

Que gotejam das tuas mãos,

Puros cristais de água,

Chuva  do dia de São José

Que o Sertão espera olhando o céu,

Onde falta água e poesia,

Onde os animais morrem bebês,

As plantas se contorcem no pó

E as crianças recusam nascer.

 

Meu coração era um Sertão,

Esquecido de si, desalinhado,

Abandonado no sol,

Eu,  sem óculos, um pouco triste,

Os dentes mal cuidados,

Uma hérnia sem cirurgia,

Quando senti a umidade dos teus versos

Na inocência do amor que me davas,

E vi teu corpo sensual

Caminhar  para mim

E ouvi a delicadeza da tua voz

Pronunciar meu nome

E confiar  que eu enxugasse

A tristeza dos teus olhos paraibanos.

 

A ternura da tua juventude perdoada

Fez a vida nascer  no meu sertão.

          

Eu até remocei

Quando trouxeste a chuva

Para a minha solidão,

Onde os sonhos morriam.

 

Remocei de verdade

E fiquei feliz quando chegaste

Cheia de poesia

Com uma mala e um filho.

 

 

 

Usei  o  perfume verde  para te abraçar,

Cuidei do meu trabalho, da minha visão,

Comprei  um apartamento de frente para o mar,

Adubei minhas orquídeas,

Tratei meus dentes, fiz a cirurgia, me cuidei,

E meu sorriso guardado no passado

Iluminou-se e o meu rosto voltou a sorrir.

 

Aqui, no peito onde ponho a mão,

Havia uma terrível seca de amor,

Respeito e poesia.

 

Agora,  contigo ao meu lado,

Vou colher a melhor safra da minha vida.

 

Aonde levares o teu amor,

A vida retornará,

Não haverá mais seca nos sertões.

 

Amada imortal,

Trouxeste  esperança ao  meu sertão

Como a chuva no dia de São José.

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Atualizado em: Dom 12 Maio 2013

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