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Valsa solitária

Dan corria pelos corredores vazios, já estava na hora, já estava na sua hora.
A chuva caía desesperadamente lá fora, querendo inundar tudo, mas isso não lhe importava, ele só queria estar impecável. Os trovões faziam um barulho absurdo, mas isso não lhe importava, ele ouviria as mais belas canções quando chegasse. O corredor era escuro, iluminado por velas espalhadas, deixando o ambiente ainda mais sombrio, mas ele não se importava, teria as mais belas luzes nos olhos dela.
Ele corria o máximo que conseguia, trazendo seus passos ensaiados na cabeça.
Chegou ao salão, sua capa manchada pela dor, seus lábios quebrados pelo sono, seus olhos encantados. Ela estava tão linda, um vestido até os pés, azul claro, brilhantes da cabeça aos pés, e um sorriso perfeito. Descia a escadaria do salão, trazendo algemas. Seus passos eram lentamente coreografados, e seu semblante demoníaco. Ele não se importava, queria ir fundo.
Ela se aproximava exibindo um corpo perfeito, pegou na mão dele, e começou a dançar.
Dançavam uma valsa única, sincronizada com o tempo, perfeita, sozinha. Cada um estava em busca de si mesmo, tentando encontrar-se num espaço pequeno, num complexo altamente perigoso.
Em cada passo, ela prendia um pedaço da algema pelo corpo dele, e foram assim, até se enlaçarem como um só.
Quando a lua subiu ao ponto mais alto do céu, ela, em sua extrema beleza foi se desfazendo, virando um simples pó, e dele, apenas ouviam-se gritos de dor. Sua alma se desfazia junto à dela, acorrentada, presa pelos grilhões de onde iria pertencer, seu inferno.
Em pouco tempo, só existia um corpo vazio no salão, que dançava sua valsa solitária

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Atualizado em: Ter 7 Out 2008

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