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Berlinda

Estar ao redor da berlinda, é sem dúvida alguma um local que muitos  se encontram e que traz conforto e satisfação na maioria das vezes, mas estar no centro dela, ao contrário, é um local extremamente desconfortável, “tenso” e eu diria que em algumas vezes até mesmo muito doloroso...

A questão é que falar, todo mundo fala o tempo todo, já que temos boca e liberdade para isso, mas a maneira pela qual se aborda um tema, um julgamento e porque não dizer se cria um rótulo em torno de alguma situação ou pessoa, isso sim, é demasiadamente complicado em minha opinião, e explico:

Muitas vezes julgamos pelo que vimos, ou sentimos em relação a alguém, no entanto, como diz um antigo ditado popular, “as aparências enganam”, e muito... Ocorre que nem sempre o que vimos, e citando aqui,  mais outro ditado popular “a roupa não faz o monge”, significa que nem tudo que aparenta ser,Érealmente o que demonstra ser, e há uma diferença muito grande em “ser ou não ser, eis a questão”..., já dizia o brilhante escritor William Shakespeare... E eu concordo plenamente com ele...

Mas voltando ao assunto do rótulo, depois dele criado, dificilmente se desvencilha dele, pois todos de alguma maneira estarão sempre na defensiva, com reservas ou na retaguarda, e muitas vezes isso chega a ser desnecessário, pois o “rotulado”, nem sempre corresponde àquela expectativa ou como ocorre em muitos casos, nem se dá conta de tal rótulo, já que não lhe foi dado o ato da defesa... Enfim, julgamentos antecipados, de alguma forma, crêem que todos fazem a tudo e a todos em alguma fase de nossas vidas, infelizmente, mas o bom disso tudo, pois em minha opinião, sempre há algo de bom, ou algo a se aprender, é que quando nos deparemos com a real situação e constatamos que aquela pessoa nada tem a ver com o rótulo a ela impingido, há que se contornar a situação, voltar atrás e se for possível, desculpar-se, e quando isso acontece e essas desculpas são aceitas, acontece algo MARAVILHOSO, pois é um aprendizado a dois, para quem rotulou e percebeu o lamentável engano, e para quem recebeu o tal rótulo, por ter a oportunidade de entender, qual é a imagem que mesmo sem querer demonstra aos demais, e se ela não for nenhum pouco satisfatório, tem sempre a chance de recomeçar, reciclar, desintegrar ela ou algo assim...

Ainda discutindo um pouco mais sobre os tais “rótulos”, acontece que em muitas vezes numa ânsia desenfreada de agradar a tudo e a todos (o que já sabemos que é humanamente impossível), mas que ainda assim, no fundo muitos têm essedesejoembutido n’alma de ser aceito num grupo, ou sociedade, e isso faz com que essas imagens se formem em torno deles mesmo, e depois delas criadas, poderão ser incansáveis companheiras de jornada vida afora...

Mas, deixando isso de lado, e voltando ao lugar indesejado que é o centro da berlinda, onde ali, expostos e a mercê do julgamento alheio, sem o direito de defesa, pois lamentavelmente, pessoalmente, você está ausente, mas ainda assim, te colocamlápara ser analisado, avaliado e posteriormente submetido a um julgamento rigoroso que desencadeará no seu futuro ou atualRótulo, depois dele imposto, e chegado a seu conhecimento, caso isso ocorra, se ainda assim,  em  sua tão insignificanteopinião,você discordar? aiaiaiai... Dai a coisa complica, pois normalmente, irão se encarregar de lhe provar o que realmente vocêÉ, ou demonstraSer com seus atos e atitudes impensados ou descabidos para a maioria, e depois de julgado e comprovado, dificilmente lhe será dado o direito da defesa, há que se conformar com sua sentença, resignar ou tentar reverter essa situação ao longo do tempo, revelando a todos, quão enganada estavam em seus julgamentos, tarefa extremamente difícil e árdua, admito! Pois depois de recebida tal sentença, um sentimento de dor, tristeza, e revolta que muitas vezes aparece toma conta de todos os outros que poderiam suprimir tal acusação, é como se  você se sentisse despedaçado por dentro, e até que se juntem todos esses pedaçinhos, e os reconstrua, leva-se um tempo que nem dá pra mensurar, imprevisível, pois cada um reage de uma forma, e isso tudo poderá se perdurar por anos a fio, desencadeando maiores sentimentos negativos e desnecessários de dor, angustia tristeza e frustração.

No centro disso tudo, da berlinda e de nós mesmos, existe um gigante com fome de sede e poder, que não mede esforços para saciar esse seu apetite voraz, por isso, se alimenta constantemente de tudo que lhe for oferecido, mesmo que falsamente, pois isso, pouco lhe importa, desde que o satisfaçam... Vencer esse inimigo voraz é o primeiro passo para desintegrar esses ou demais rótulos amontoados ao longo do tempo, o caso, é que muitas vezes, não nos damos conta disso, ignoramos o gigante interior que habita dentro de nós, ou até mesmo fazemos questão de nutri-lo, dando lhe mais força, fama e poder, até que ele nos domine por completo e faça com que curvados ao seu poderio, nos sentimos incapazes de prosseguir, travando batalhas inúteis ao longo de nossas existências, mas apesar dos pesares, eu me pergunto, será ele é o grande vilão disso tudo? O fato de ignorar a sua existência, não nos oferece atenuantes? E mais, depois de o identificarmos dentro de nós, e escolhermos nossas armas, aceitando combate contínuo, iremos ainda ao julgamento da turba agitada que sempre a espreita acompanha árdua batalha,  dando-se ao direito de mais uma vez, desencadear a sentença final, exibindo o veredicto final?

Dúvidas, perguntas e questionamentos que circulam sempre que estamos prestes a ir a julgamento, ocupar novamente o centro da berlinda, continua sendo o pior lugar do mundo, no entanto, a vida muitas vezes nos leva a ele, penso que analisar o porquê disso tudo, nos leva a uma compreensão melhor que faz com que não precisamos voltar ao centro da berlinda, muito menos ao lado oposto dela, pois quem esteve na berlinda, repetida vezes, e se decepcionou imaginando que depois de longo tempo, não voltaria mais ali, entende que acima de tudo, somos humanos, suscetíveis a erros, e que o não julgar aos outros e a si mesmo, começa no momento de sua auto defesa, aceitar-se a si mesmo, é algo fundamental e extremamente difícil,  reformular-se ao longo da vida, tentando o seu melhor dia após dia, é o aprendizado constante ao qual estamos matriculados nessa longa jornada da vida, e que os rótulos, nem sempre correspondem à imagem a que foram submetidos, digo isso por que já passei por isso, e é sempre uma via de mão dupla, estar ou não no centro da berlinda.

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Atualizado em: Qua 10 Jul 2013

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