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CARNÊ DE VIAGEM – I
Bielersee. Assim que cheguei lá, eu segui caminho pelas bordas de um lago de águas geladas e que me revelou inúmeros rostos apáticos e semi-apáticos em procissão desinteressada. Um céu azul pálido, refletido na água pacífica e esmaltada de tons de verde e dourado, foi o bálsamo momentâneo para minhas reflexões. Segui seguindo os zigzags de um cachorrinho amarrado a uma jovem ruiva, longilínea, e descobri, no alto de uma falésia esbranquiçada e assimétrica, um velho castelo de tempos imemoriais. Ou quase. As silhuetas das albarrãs recortavam-se contra um sol frio que se afogava, dramaticamente, por entre nuvens de brasas cor de cobre. Na borda do lago, já sem totó nem sua dona, foi a visão de uma pequena igreja fincada em uma ilhota de pedra cinzenta que me fez lançar ao firmamento a imagem imóvel e silenciosa de mim diante de mim mesmo. De volta ao hotel, após experimentar diferentes tipos de cerveja, ainda mastiguei algumas frases em alemão e depois apaguei.