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O Voar dos Corvos
Me diga com cautelaPois tal assunto é um tabu
O que acontece quando morremos?
Viramos pó, cinzas azuis?
Em cemitérios
Tumbas perdidas
Túmulos escuros
Oh!, Morte, serás salvação?!
Entre laços e forcados
Águas negras,
Decepção.
Pássaros puros
Cantos gélidos
Minha amada lua
Me espera morrer
Asfixia, debaixo da cama
Sangue escarlate
Veias quebradas
Minha cara amiga
Negros olhares
Solitude sombria
Sinfonias sem voz
O voo, pulo
Ballet de aflições
Negrume infinito
Entre tecidos e cortes
Caídos.
Terra fosca, molhada
Em lágrimas por ti derramadas
Amor não correspondido
Morte irreversível.
Não morras, oh!, meu amor
Pois bobagens são lhe ditas
Venha comigo, pois sou tua amiga
Morte, eu, não deixarei você morrer
Estarás acolhido
Mas não em paz
Pois em corvos, assobios
Serei eu, teu ínfimo tormento
Acordarei-te-ei com melodias amadas
De uma tarde banhada em negro
Que tu, em teu grandioso sofrimento
Estragou e pôs-se a lamentar
Por perdas e dores
Tua amada nos braços
Num último suspiro
Odiou-te até teu fim.
Escuto ao longe
Entre nuvens, parasitas
Cantos calados
Prantos sinceros
Este é meu tormento
Esta, minha maldição
Morrerei por mim,
Oh!, ingrato!
Pois minha alma não cala jamais
Consigo ouvi-los gritando
Negando o que irá com graça, acontecer
Mas lhes digo, corvos infernais
Não comam meu tormento
Pois dele nunca irei me livrar
Devorem minha calúnia
Matem o que de bem fiz
Oh!, minha amada, querida
Por ti, mataria-me outra vez
Desespero me consome
O carrasco está a espreita
Posso sentir tua calma respiração
Posso vê-lo rindo de forma triste
Posso senti-lo, ele está aqui
Ouço teu manto
Sinto teu toque
Percebo tua foice
Nada restará.
O que será de mim?
O que acontece quando morremos?
Viramos pó, cinzas azuis?
Sinto o sangue
Pingando de tuas vestes
Perdoai-me, perdoai-me!
Não quis um dia, matá-la em vão!
Nada restará
Sangue escorrerá
Tudo irá silenciar
Tudo ficará vazio.
Não comam meu tormento
Devorem minha calúnia
Sintam-me sofrer...!
Nada restará
Os Corvos voarão.