- Sonetos
- Postado em
MEMÓRIA DESBOTADA
Feito cães enroscados, na cozinha,
Atados no nó cego da paixão,
Mil papéis espalhando-se no chão
E urros que chegavam até a vizinha!
Sala cheia de gente, ladainha,
O velho, adormecido no caixão,
Como embalado aos sons do violão,
morto com a espada fora da bainha.
Nas claras manhãs de dias já idos,
do frufru das saias de algumas tias
e tantos pesares hoje esquecidos,
foi-se de vez a matéria dos dias,
dos pecados e sonhos consumidos,
só restaram as cinzas da fantasia.
Atualizado em: Sex 29 Jan 2010