- Sonetos
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AUSÊNCIAS
Teu instrumento de prazer, o dedo
com que folheias livros, só e silente,
lê páginas outras, tão diferentes,
quando em teu corpo escreves, em segredo.
Se, porém, nas letras, os desenredos
revelam-se, não raro, eloqüentes,
só nos confins das peles mais carentes
serão eles como um céu em degredo.
Contudo, o chão prazer ao qual te alçaste,
o sumo dos sonhos, a quintessência
da matéria que – do nada – inventaste
em teus dedos, é a mesma que se fez
paixão, plena de anseios e de ausências,
e nasce nessas páginas que lês.
Atualizado em: Sáb 30 Jan 2010