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Vem cá seu guarda...

Meu, eu não sei se é verdade ou é piração minha. Se for verdade que aconteceu o disfarce eu nunca vi tamanho exercício de futurologia, com acerto, como daquele compositor daquela marchinha de carnaval - quem brincou carnaval de salão vai lembrar -, que dizia, “vem cá seu guarda bota pra fora esse moço...”.

Cantávamos nos bailes de carnaval como se fosse uma marchinha qualquer. E, acho, não era! Ela continha um disfarce! Era o prenuncio do que vinha por aí com a sutileza que se encontra fácil nos versos do Chico Buarque. Era uma visão de futuro digna do Spielberg. E ninguém sacou, sacou? O Mico da letra da marchinha estava disfarçado em Lhama por causa daquele período cinzento da nossa história. O compositor devia ser, ou deve se ainda estiver vivo, no mínimo, de Vila Isabel, que tem uma moçada da música que da-nó- em-pingo-d’água, e sabia o que estava escondendo. Também, mesmo que o compositor fosse atrevido usar o nome verdadeiro não dava rima boa, e a moçada do samba de raiz não se da muito bem com a pronúncia castelhana.

O único malandro da Cidade Dutra que sacou que o Mico estava representando outro personagem (uma personagem um pouco mais marota que as marotices do Mico), fui eu. Pode acreditar. A Lhama se travestiu de Mico e, no mínimo, passou por um maquiador do cinema publicitário; como aquele que transformou aquela jogadora de basquete numa beldade mexicana. Foi fácil a Lhama passar por Mico. Acho que foi o Jean Maquiador, aquele maconheiro, divertido e competente quem cometeu esse capo lavoro.

É que eu sempre me achei mais malandro que a malandragem. Trabalhei muito pouco para ter visto e vivido tudo que eu vi e vivi e continuo vendo e vivendo. Graças a uma transada do seu José Santiago Netto com a dona Guiomar Eugênia de Vilio.

Voltando a malandragem dos anos 60, e pra dizer a verdade, tinha uns caras que freqüentavam os Bailes de Carnaval do Arakã, no Aeroporto, que também sacaram.

“ Vem cá seu guarda, bota pra fora esse moço, que ta no salão brincando, com pó de mico no bolso...”

Caras, desculpem a invasão. É que a minha amiga Joana esteve aqui em casa, e ficamos lembrando certos acontecimentos divertidos dos tempos de juventude. E, o papo foi tão engraçado e estimulante, que eu resolvi escrever um pouco, pra me distrair, e, rir um pouco, de tudo. Foi isso.

Meu, é preciso muito talento pra se criar uma marchinha carnavalesca, que venha se tornar um clássico, cantada em todo carnaval por todo e sempre. É como escrever uma farsa ou uma tragédia que permaneça atual e encenada, apesar de terem sido escritas num passado distante.

Vem cá? Que era bom era, não era?

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Atualizado em: Ter 3 Ago 2010

Comentários  

#3 PauloJose 21-04-2012 10:31
ERA UMA ÉPOCA BOA, FOI QUANDO EM 1957 COMEÇOU A BOSSA- NOVA, E TAMBÉM O SAMBA QUE JÁ ESTAVA NA ÁREA.SUCESSO DO GERALDO VANDRÉ, CHICO BUARQUE. DONA FLOR E SEUS DOIS MARIDOS,ELA E SUA JANELA,EU TE AMO, TOM JOBIM CANÇÃO DO SABIÁ,PRÁ NÃO DIZER
QUE NÃO FALEI DAS FLORES.DE GERALDO VANDRÉ ENTRE OUTROS.
PARABÉNS ÓTIMA CRÔNICA.
#2 acsantiago 07-08-2010 08:27
Rackel,
Obrigado pelo carinho dedicado às minhas brincadeiras.Bj.
#1 rackel 07-08-2010 05:33
Um Santiago saudoso, porém divertido como sempre. Admiro esta capacidade que os teus personagens tem de rir de si mesmos, não dar bola para as "pequenezas" e seguir em frente. É isto aí. Nossa história tem que ser vivida, compartilhada, reavivada. Adorei.

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