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O Dupla de criação do Pasqualino.
Ganhou Leão de Ouro em Cannes, Clio em Nova York, Profissionais do Ano mercado nacional, Colunistas e Festivais Ibéro americano com suas idéias para comerciais de TV e anúncios em campanhas geniais e inesperadas. Uma espécie de Neil Ferreira da época. Esse era o Bidú.
Bidú era a abreviação do apelido dele, que era Beduíno. Beduíno, na gíria, era o termo que designava o cara “adivinhão”, que sabia das coisas, que antecipava futuros sucessos. Biduzão também era chamado o cara quando o cara era muito bom.
Não havia Agência de Propaganda que se recusava a pagar ao Bidú um salário astronômico devido a sua capacidade de encontrar excelentes soluções de comunicação para seduzir novos consumidores, para produtos e serviços anunciados pela sua agência. Ele sabia que ação ou palavras aquele futuro consumidor queria ouvir ou ver para se definir pela compra do produto anunciado.
Diretor de Arte pra fazer dupla com ele só não tinha na fila como candidatos o Petit e o Zaragoza.
Era convidado, repetidas vezes, a dar palestras em faculdades de comunicação por esse Brasil a fora. Quando a distância para atender esses compromissos era muito grande; passagem de primeira classe nos aviões. O Bidú era recebido por profissionais do meio, estudantes, anunciantes e mídia como páreo duro para disputar com o Washington a parte mais alta do pódio no futuro. Ele era o cara.
Foi uma década de pleno sucesso americano. De público e crítica.
Como, em quase todos os casos tem um “... é aí que mora o perigo” pintou um pequeno inconveniente. A fórmula que ele usava, como todas as formulas, foi envelhecendo quase imperceptivelmente e ele não se deu conta nem aceitou toques dos amigos de verdade. As mágicas ficaram previsíveis. Não continham mais aqueles ingredientes sedutores que fizeram tanto sucesso com outros consumidores.
- Será que as pessoas tinham ficado insensíveis e emburricadas? – Pensava ele.
É que fiel até a medula aos anos 60 foi aí que o cara fincou o pé. Preguiçoso e chegado numa erva, encontrou o amigo ideal que comprava todas as suas idéias sem discussão. O que não acontecia com companheiros que gostavam de trabalhar até tarde e eram cheio de “frescurite aguda”, como ele passou a falar depois que encontrou esse amigo. È que os outros davam um trabalhão pra comprar sua idéia. Esse novo amigo, ao contrário, achava-o genial e comprava todas suas idéias sem que ele, o Bidú, fizesse esforço nenhum.
Aí, ninguém conseguia convencer o Bidú que outras décadas também tinham coisas boas.
Sabe o que ele falava pras pessoas, depois que se juntou a esse amigo?
-“ Isso não tem cabimento” para discordar ou “ Isso tem cabimento” ao “concordar” e ”vou te dar um tapão na ôreia” para demonstrar carinho pelos seus amigos.
Imagina falar cabimento em pleno “fin du siéclé” na frente dos garotos que estavam chegando pra trabalhar no departamento de criação das agências já cheios de estágio em Munique, Paris, Londres , Barcelona ou Joanesburgo, na África do Sul - do mestre Mandela. Unzani!
E lembrar que um passado próximo... vai vendo, digo, vai lendo.
Embornal caqui de lona a tiracolo, cabelos compridos, barba, quepe cubano, camiseta Hering básica, jaqueta de padrão camuflagem, jeans Levis ou Lee e coturno nos pés, era o seu estilo para o dia a dia da agência.
Só lia os livros do Carlos Castaneda, John Steinbeck, Willian Faulkner e um pouco Hermann Hesse, Dostoievski e por aí vai. Ouvia a Joan Baez e via os filmes do Sam Peckinpah.
- Veículos pro Bidú se locomover?
Moto Guzzi preta, usadas pelas milícias do Mussolini, e um Jipe que serviu na guerra da Coréia. Com certidão de procedência e 3º via de importação.
Daí ele foi mudando, pra pior, segundo os manuais da sociedade moderna. Demonstrou sua incapacidade para a competição e foi saindo do “mercado”, de fininho.
Nos dias de reunião com o cliente era assim o estilo que passou a usar: cabelos molhado e penteado, no pé calçava um All Star de cano longo, que ele não abria mão. É que só dava pra ver o cano longo quando a barra da calça de Tergal, que não perdiam o vinculo, enganchava atrás, na parte alta do Tênis, acho que intencionalmente. Camisas “Volta ao Mundo”, que não precisa passar e são práticas e modernas, compunham seu visual moderno. Cinto com fivela e ponteira de prata.
Os clientes já se apresentavam de Armani e os amigos de profissão, Richards.
O cara, digo, o Bidú, foi amigo do Luiz XVI e do Robespierre ao mesmo tempo.
Um dia ao finalizar uma palestra brilhante que fizera para alunos graduados em marketing de uma escola séria, ele terminou com a seguinte pérola para o auditório:
- Vai dizer que não?
Todo o encanto da moçada da platéia com o cara... ficou esvaecido, por causa daquelas simples palavras finais ditas pelo ídolo deles.
- Clientes e publicitários nunca perdoaram quem anda atrás, nem quem anda na frente.
Tem que estar Up to Date, no sentido literal/original do termo.
Dizem que o Bidú terminou sua carreira escrevendo textos pra aquele apresentador portenho do ”Disque Djá!”
Na verdade ele esta com o Pasqualino no marketing da Refrigerantes Dolly.
Bj.
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