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Identificando Nossos Sentimentos

Você passou o dia inteiro iniciando trabalhos, não os concluiu e falta resultado palpável para apresentar à chefia no final do dia, mesmo que não tenha parado um minuto sequer. Sensação de desamparo e de tempo perdido. Você chega em casa e sua família está nos nervos parecendo que faz questão de te irritar em tudo. Você não pode abrir a boca que só vem "mas". Tudo o que você quer é dormir mas todos tropeçam em tudo e com um barulho assim não tem quem durma. Você é um desânimo só, perguntam a causa e nem você mesmo sabe. Aí vem a pergunta: "O que está acontecendo comigo?". É hora de identificar claramente o que nos perturba para não misturarmos com o choro outras sensações represadas. Nossa avaliação  pode ser: “Estamos insatisfeitos conosco porque não produzimos o suficiente. Ninguém nos cobrou e somos nós mesmos quem estamos nos imputando este grau de exigência. Os familiares não estão tendo nenhuma atitude que não nos sejam conhecidas e se elas parecem ser dirigidas a nós e não reagimos assim rotineiramente, nossa percepção e ânimo estão alterados pelo nosso estado de espírito hoje. Não conseguimos visualizar direito então é melhor esperar as sensações amainarem”.  

Engana-se quem acha que evitar o conhecimento dos fatos seja envolver-se com problemas desnecessários, quando se trata de acontecimentos prováveis, cujo encadeamento dos fatos mostra pouca chance de se efetivar. Se a resolução não está ao nosso alcance a tendência é se acomodar, já que vai acontecer mesmo. Mas não é enfiando a cabeça no buraco feito avestruz que vai tornar a carga menos pesada. Enxergar o todo com serenidade é ser senhor de si. Não se trata de sofrimento desnecessário. Mesmo que a quantidade de variáveis não nos permita medir que diferença fará no resultado, a escolha pode ser inclusive acomodar-se, mas é  simplista e não condiz com as atitudes. Vale para os sentimentos, as doenças, as tempestades que o horizonte sinaliza.

 Mas quem é que conhece as ferramentas para diferenciar um do outro?  Nossa sanidade a medicina já provou que é um conceito meio relativo. Está aí a psiquiatria para achar um pouquinho de distúrbio em todos nós. A diferença está só na quantidade. Para nós leigos mania é sinônimo de loucurinha, mas para os entendidos é quando a esquisitice se repete com uma frequência tal que se tornou distúrbio e só os profisssionais com o distanciamento necessário conseguem nos dizer. Mas este campo ainda está longe de ser um consenso. Até as áreas médicas ditas físicas cada dia aparecem com uma teoria diferente, o que dizer do campo mental. Esta divagação toda não ajuda muito, sabemos, mas é proposital para mostrar o quanto é difícil manter o prumo e ser conceituado de normal. Fazer o que queremos, na hora e do jeito que queremos é fácil. Experimentemos perguntar para quem atura opções dos alternativos. Difícil mesmo é ser normal, pois o controle para sê-lo incomoda qualquer um.

As respostas às nossas opções não vêm em tempo real. Só vamos saber que certas atitudes eram desnecessárias depois que o tempo passou. É assim com a história. Só os muito antenados percebem quando estão vivendo um momento significativo, que irá mudar um paradigma vigente e propiciar o nascedouro de outro. Adivinhar e vigiar-se dispende energia que não compensa a vigília. Perdemos tempo com a precaução e  deixamos de viver, simplesmente.

Não precisamos colocar plaquinhas de alerta mundo afora para que enxerguemos qual é a atitude da vez e o que ela significa. Mas comecemos por identificar nossos sentimentos, nossas dores e evitar carregar pesos desnecessários às costas ou envolver quem não tem nada a ver com isso. O tempo, olha o clichê, ainda é um excelente remédio.

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Atualizado em: Qui 24 Fev 2011

Comentários  

#31 CezarUbaldo 22-03-2011 11:10
Salve,salve Rackel,como sempre,um belo texto,uma avaliação de fatos e circunstâncias que nos envolvem.Uma leitura de mundo muito interessante.Parabéns.Abraço.
#30 ANTENA 14-03-2011 20:28
"Mestre" Lacoy, discordar do que escrevo é um direito vosso, agora atacar já muda de figura. Eu me preocupo com o ínfimo sim, tanto que estou te respondendo. Só não sou uma lagartixa Huxleyana, para ficar balançando a cabeça toda hora no "Admirável Mundo Novo". Medíocre não sois, porém teus "mergulhos abissais na prepotência, podem levá-lo ao afogamento, pois é lá onde estão os pseudos filósofos, na lama da arrogância. E verdades nunca as tivestes, mesmo entre aspas.

abraço anarquista
#29 Monique_Lemes 12-03-2011 16:59
Olá Rackel queridaaaa, senti saudades e retornei... mas que delicia de texto!!!! Alegrou a minha tarde, repleto de verdade...Alegrou a minha tarde e enrriqueceu meu espírito! Abraços!
#28 acidadeeopoeta 12-03-2011 01:10
muito bom!
#27 master22 08-03-2011 20:34
Parabéns por mais uma excelente crónica.
Abraço fraterno.
#26 AlexLacoy 08-03-2011 16:55
Achei esta frase libertadora:
"Ninguém nos cobrou e somos nós mesmos quem estamos nos im[censored]ndo este grau de exigência."

Penso diferente de alguns colegas que acham (e escreveram aqui) que não devemos dar importância às pequenas coisas da vida, graças a Deus eu dou, e isso me faz uma pessoa menos rasa. O que move a arte são as indagações do homem e as perguntas diante das maiores obviedades da vida (até porque nada é realmente o que parece). Se eu não me preocupasse tanto com o ínfimo acho que seria medíocre. É isso, Rackel, não escrevo para agradar a maioria, e sim para tentar contribuir com o mundo através de minhas "verdades".]
Escreveste lindamente, minha mestra escritora.
Bjs
#25 rackel 07-03-2011 07:03
Valeu, Janderson!
#24 rackel 07-03-2011 07:02
Obrigada pela presença e comentário.
#23 rackel 07-03-2011 07:01
Obrigada, mestra!
#22 Janderson Lacerda 06-03-2011 10:30
Muito bom e verdadeiro seu texto!
Um fraterno abraço!

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