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NÃO ME AME!

 

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Sentada na varanda, relaxa e respira fundo para que o ar puro possa entrar e dar lugar a uma paz momentânea, que seja, mas se faz necessária.

Olha para o céu, já é tarde, os da casa estão assistindo televisão. “Televisão. Só é suportável quando está desligada para mim, quando quero assistir a algum filme que me faça rir não tem, e o que tem não me interessa. Tantos canais para poucos interesses”, pensa enquanto se balança na cadeira.

Assim é bom, todos estão se distraindo com alguma bobagem que não exigirá grande esforço para ser entendido e ela pode desfrutar de algum momento de paz, silêncio e essa sensação de leveza que só a temos quando a nossa alma está calma.

Mas tudo tem o seu tempo. Pensa no dia que está terminando e não consegue tirar da mente a pequena discussão que teve logo cedo. Não queria discutir, não queria falar, mas as pessoas a forçam a ir ao seu limite, depois que chega lá, não consegue parar. Chuvas de palavras, de ofensas, de repúdio sairão. Não procura por isso, mas não consegue impedir.

O motivo era fútil,mas para quem tem a vida por um fio de sanidade, qualquer motivo servirá para transbordar toda uma represa de sentimentos ruins que ficam quietos durante boa parte da nossa vida, só esperando o momento certo para sair. Como pequenos diabinhos. Quietos, mas quando saem podem destruir vidas, separar pessoas.

Ouviu o que tinha que ouvir. Retrucou, mas ficou faltando o principal que não disse, deixou passar, foi melhor assim porque agora pensa melhor e se tivesse dito, talvez o estrago não teria mais conserto.

Teria tido aos gritos que ele se estivesse cansado de seus caprichos que lhe deixasse. Teria gritado: “Não me ame agora e nem nunca mais, o amor que tens para mim é insuficiente. Não me arrependo de nada que te disse, então não me ame mais, deixe-me já!”

Teria dito tudo isso num momento de apenas raiva momentânea, mas iria alterar toda a sua vida e de mais gente. Ela precisa pensar mais antes de falar. Mas como alguma vezes a insanidade se apresenta, fazendo com que ela seja capaz de se multiplicar tantas vezes forem necessárias para a sua sobrevivência.

Pensa no dia, na discussão, no que falou e no que ouviu. Ouvir foi o pior. Falar foi fácil. As palavras saíam aos trambolhões, mas o que ele fez foi pior. Apenas lhe deu o silêncio. Esse silêncio que sente até agora que vale por milhões de palavras, milhões de ofensas, milhões de quebras de juras de amor.

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Atualizado em: Sex 6 Jan 2012

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