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Resistências
O que nos leva ao Pré Conceito de um modo geral, porque será que todas as vezes que nos deparamos com eles, difícil demais de se lidar, aceitar, então...
Por mais que tudo a nossa volta nos leva a crer que tudo isso faz parte de um passado remoto, ainda assim, surgem outros e mais uma vez caímos nas velhas e antigas resistências...
Seriam elas que nos leva a enxergar de forma diferente, ou algo incrustado por anos a fio em nosso inconsciente e num coletivo há muito tempo, que não nos deixam agir de forma diferente? O que acontece de diferente quando nos deparamos com um mendigo, prostituta, homossexual, negro, pobre, rico, caipira, mulato, amarelo, favelado, traficante, ou seja, ele qual for, afinal não são todos pessoas como nós? Com seus erros, defeitos, problemas, divergências como qualquer um de nós? Falar é sempre muito mais fácil mesmo, que isso não nos perturba ou incomoda, no entanto vivenciar, completamente diferente...
Dia desses ao passar por uma praça com uma colega de trabalho, ao ver alguns prostitutas recostadas, ela disse:
Eh...Vida boa, a essas horas, e olha só elas ai...essas sim, é que levam a vida...
Repliquei: Como assim Vida boa? Acaso você acha mesmo que elas levam uma boa?
Não obtive resposta...
Outro dia, assisti uma triste cena na saída do metrô, onde tive que assistir uma lamentável cena de dois seguranças xingando e empurrando uma criança (morador de rua), que aos empurrões se defendia como podia, e depois deles se afastarem, ela revidou atirando pedras, aos quais eles pego de surpresa, voltaram, agarraram e foram o arrastando até um gramado com os cassetetes em punho, e eu não agüentei assistir aquilo, quando cheguei próximo a banca de jornal , onde o jornaleiro juntamente com outros assistiam a cena, não agüentei e comentei...
- Mas é apenas uma criança...
No qual ele replicou prontamente,
- Isso não é criança não, é bicho, tá com pena? Leve ele pra casa?
Senti-me impotente diante disso, não consegui assistir o final do espetáculo e me afastei, direcionando uma prece a eles...
Enfim, cenas que muitos já devem ter presenciado, no entanto é aquela velha história, mais fácil aceitar quando acontece com um vizinho, um amigo ou até um parente distante, mais fácil de aceitar ou pelo menos, tentar, mas quando isso se encontra dentro da “nossa” casa, na “nossa” família, daí a situação é completamente diferente... E o mais complicado é o saber da opinião das pessoas na rua, na escola, no trabalho, mesmo quando somos compelidos a aceitar ou a conviver com algum tipo de preconceito dentro de casa, surge o fantasma da preocupação de não saber como a sociedade irá reagir quando souberem aquilo de “o que as pessoas vão dizer”, isso ainda tem um peso enorme, infelizmente...
Creio que a sociedade está mudando e se preparando cada vez mais para aceitar e acabar com velhos e antigos preconceitos, uma boa parcela se esforça e o melhor, a saber, é que as novas gerações felizmente já trazem na sua bagagem interior outros conceitos, tem um preparo melhor para lidar e nos ajudar a nos liberar de antigos valores irreais de superioridade desmedida, e isso é o que cada vez mais dá ânimo e forças para continuar nos esforçando, sempre com uma postura positiva, de igualdade, conhecimento e conscientização, pelo simples fatos de nos lembrarmos que afinal de contas somos todos iguais, sabendo que dias melhores virão para todos nós, pois estamos caminhando e nos esforçando pra isso, eu acredito!