- Crônicas
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UM CORPO CAÍDO
Morre mais um anônimo...A carcaça de um cão decompõe-se junto à sarjeta...Vadias e vagabundos olham para cima, aguardando a chuva que se aproxima...Crianças perambulam nas cercanias do matadouro fétido...Rostos sem identidade vislumbram o corpo caído no chão...Enquanto sirenes barulhentas rasgam o silêncio barulhento da noite escura.Bares sujos arrastam suas mesas para o meio da rua. Enquanto bêbados desocupados e prostitutas da noite, dançam freneticamente.O barulho da música é ensurdecedor. Saídos de auto-falantes engordurados e rachados...Vozes esganiçadas deixam claro o sotaque nordestino...O lixo amontoa-se nas calçadas...Um verdadeiro paraíso de cantores de forró desconhecidos...Letras que exaltam a obscenidade... O escracho da sociedade. À noite, atrai todo o lixo da sociedade: desde o lixo que transborda das lixeiras, como o que transborda dos carros...Pessoas sem perspectiva... Sem futuro...Pessoas para as quais, o amanhã, será apenas ressaca, falta ao trabalho, pílula do dia seguinte e consciência pesada.
Atualizado em: Sex 21 Jun 2013