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Não o início da manhã. O fim da última noite. A última visão do melhor lugar do mundo.

E cá estou eu, sentado nessa cadeira, nesse quarto escuro onde a única fonte de luz é a da janela, de onde vem uma luz suave da lua já se pondo, que ilumina um de meus braços. Em alguns minutos, ao olhar pela janela, já estará perceptível a transformação da noite em dia, mas não ficarei tanto tempo. Inclino minha cabeça e, quando olho para frente, vejo você dormindo. Levanto, me ajoelho ao lado de sua cama e vejo seu semblante. Com uma das mãos arrumo teu cabelo, se você soubesse o quanto ele fica bagunçado enquanto você está em um sono profundo iria surtar. Com um sorriso o ponho por de trás da sua orelha, como você sempre gosta.
          Olho para você, mais uma vez e percebo que está machucada, ferida e atormentada. As lágrimas começam a consumir minha visão, fazendo com que meus olhos não mais consigam ver seu rosto. Um desejo de te acolher e te proteger me vem à tona mas, quando olho para dentro de mim, percebo que jamais poderia fazer algo assim. Ora, se a sua alma está quebrada e aos cacos a minha, fria e enigmática, jamais poderia consertar a sua.
         A aurora ilumina pouco a pouco o grande quarto que você dorme, me levanto um pouco e te abraço, com meu braço passando pelas suas costas, e meu rosto sobre seu pescoço. Se você acordasse agora e pudesse ver isso acabaria me matando, com toda certeza. Gostaria de poder sentir o calor do seu corpo, mas já é hora de partir, a minha estadia nesse quarto quente e aconchegante já passou de seu limite. Afasto meu corpo, seus fios de cabelo escorrem pelos meus dedos como a areia da praia. A cada passo que dou em direção a porta acabo olhando para trás, tentando ver se você acordou ou percebeu a minha presença... Um último passo, um suspiro, olho novamente e a cadeira está no lugar que deveria estar, pondo minha mão na maçaneta consigo me lembrar dos bons momentos que tivemos juntos, mas agora nada mais restou. Começo a encostar a porta lentamente mantendo meus olhos fixos no seu rosto imerso no sono, me pergunto por quais mundos você viajou essa noite. Está na hora de ir e te deixar para trás, por causa do meu orgulho e minha arrogância que estou tão perto mas, ao mesmo tempo, tão longe de você. É indigno eu ter uma visão sua dormindo... mas vou sempre guardar na minha memória, afinal... é a visão mais bonita do meu pequeno e caótico mundo.
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Atualizado em: Ter 9 Jan 2018

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