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RAIO DE LUZ

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Pela fresta de uma velha janela um veio de luz penetrou suavemente. A princípio forte e determinado seguiu pairando pelo ambiente até chegar a uma cômoda de pátina marfim, ali pareceu descansar esparramando-se pela superfície brilhante. Quando chegou às beiradas foi escorrendo

para baixo vagarosamente como uma serpente de luz inundando as gavetas entreabertas, entrando e saindo como um visitante apressado até chegar ao chão daquele aposento.

Como um animal espreitando sua presa foi esgueirando-se pelo

rodapé daquele quarto escuro até esparramar-se como uma poça d’água já muito frágil no negro assoalho de carvalho.

Na cama do quarto alguém imóvel observava com o canto dos olhos a trajetória daquele visitante inusitado, debilitado aquele ser prostrado na cama na mais perfeita solidão, sentiu que aquela inesperada companhia lhe trazia algum alento, como um farol na escuridão a sinalizar o caminho, era uma centelha de luz mas, de uma chama maior bem maior,

e que ali estava cumprindo seu destino,  seguindo  seu caminho cheio de imprevistos, indo até onde

conseguira chegar, levando uma fagulha de  luz no aposento onde jazia um ser que naquele curto instante

sentiu-se em paz,  concluindo que vivera como aquele pequeno raio de luz amando quem cruzasse seu caminho, confortando e iluminando algumas veredas obscuras. e que também cumprira seu destino.

A tarde já findava e o pequeno facho de luz saia lentamente daquele quarto escuro assim como aquele que o observara. A noite veio enegrecendo tudo, o raio de luz e a centelha vivente naquele ser esvairam-se volitando juntos como dois vaga-lumes felizes pairando no céu salpicado de estrelas. 

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Atualizado em: Sex 29 Jul 2011

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