- Prosa Poética
- Postado em
RAIO DE LUZ
para baixo vagarosamente como uma serpente de luz inundando as gavetas entreabertas, entrando e saindo como um visitante apressado até chegar ao chão daquele aposento.
Como um animal espreitando sua presa foi esgueirando-se pelo
rodapé daquele quarto escuro até esparramar-se como uma poça d’água já muito frágil no negro assoalho de carvalho.
Na cama do quarto alguém imóvel observava com o canto dos olhos a trajetória daquele visitante inusitado, debilitado aquele ser prostrado na cama na mais perfeita solidão, sentiu que aquela inesperada companhia lhe trazia algum alento, como um farol na escuridão a sinalizar o caminho, era uma centelha de luz mas, de uma chama maior bem maior,
e que ali estava cumprindo seu destino, seguindo seu caminho cheio de imprevistos, indo até onde
conseguira chegar, levando uma fagulha de luz no aposento onde jazia um ser que naquele curto instante
sentiu-se em paz, concluindo que vivera como aquele pequeno raio de luz amando quem cruzasse seu caminho, confortando e iluminando algumas veredas obscuras. e que também cumprira seu destino.
A tarde já findava e o pequeno facho de luz saia lentamente daquele quarto escuro assim como aquele que o observara. A noite veio enegrecendo tudo, o raio de luz e a centelha vivente naquele ser esvairam-se volitando juntos como dois vaga-lumes felizes pairando no céu salpicado de estrelas.