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SÓLIDO

A verve que me enerve neste palco decadente

E me entorte até a morte com a sátira demente

Mesmo que curve jamais turve o que sou inteiro

Pois tal praga não será chaga em meu roteiro

A lança espeta e ainda não afeta o inflexível ego

E a tentação que corrói a razão eu sempre nego

Me eviscerem mas não degenerem esta diretriz

Já que tudo bate em meu escudo e ainda sou feliz

A vida aborta minha horta, impedindo ali colher

Eis que então planto bem no canto e não deixo de viver

Sempre por um fio em desafio sei que não posso parar

Ao caos tolero e firme espero o que vem me fustigar

Retenho todo o empenho e permaneço no posto

Se me abate o duro embate logo fico recomposto

Assim aceito erguendo o peito a regra inteira

Qualquer ação é uma lição e o lema da bandeira

Sou versátil, mesmo que volátil, e acrescento

Pra saber o tom do que sou bom, eu tento

O desconexo não me faz perplexo ou abala

Não sou a foz, mas tenho voz, ninguém me cala Intrínseco virulento alento que não dá nada

É o cego laço do seguir o passo da manada

Perdas e danos, ledos enganos, troféu na mão

Perene insumo que dá prumo a cada ação

Obliterado é o céu atrás do véu deste cenário

Nunca me alisto, farda não visto, sou mercenário

Não sou normal? Não sou igual, ou venero um molde

Na alegria da idiossincrasia o viver me sacode

Sem trava ou tranca quebro a banca e colho o novo

Rasgo o selo do modelo que só choca o mesmo ovo

E neste enlace tenho a face de um desajustado

Sendo que o ajuste é um embuste sem aprendizado

Uso e abuso do que orbita minha visita a esta peça

O que está além não me faz refém, não me interessa

Querer demais sufoca a paz e quebra o foco certo

Dia após dia a sabedoria está tão perto

E assim, temperos vêm a mim, os quais abraço

Antes e depois, renego aos dois, e caço

Errado? Certo? Longe? Perto? Vivo o agora

É lenda superar a venda do que há lá fora

Abaixo o alarde, a hora da verdade não é essa

Provo a textura sem censura ou pressa

Portanto, me levanto e sinto, e vejo

Saio do canto e suplanto o valioso ensejo

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Atualizado em: Sáb 26 Set 2015

Comentários  

+1 #8 denise_marques 07-01-2010 05:26
:D

Você é muito melhor poeta do que compositor-letrista.

Com certeza, é seu melhor trabalho... pelo menos dos que vi aqui.

É denso, te confesso que li 4 vezes para absorver a essência do poema.

É magnifico como você consegue brincar com as palavras, deixando transparecer a necessidade e a luta interior para ser sólido, não sucumbir as tentações das mudanças.

Acredito que a mensagem que você quer passar é que se mantendo sólido, sente-se mais seguro para estar em paz.

Muito interessante o texto...

Posso até não concordar em ser sólida devido a ser totalmente contraria a minha natureza investigativa e metamorfósica! Mas com certeza, o valor literario é incontestável.
Gde Abraço, e mais uma vez parabéns. Denise Marques.
#7 Cely 30-12-2009 08:03
Poema brilhante, parabéns, estrelei, sucessos! Bjs!
#6 PauloLeandroValoto 23-12-2009 11:32
bela obra, colega.
boa sorte.
#5 Nadi 15-12-2009 23:02
Sólido, de fato.
'Saio do canto e suplanto o valioso ensejo'.
Está bem nesta frase toda a tua poesia.
Parabéns.
#4 rackel 13-12-2009 16:05
Indagações e ansiedade. Gostei.
#3 MarioConstantino 11-12-2009 15:54
Gostei, belo poema amigo.
Se puder leia também o meu texto "Mundo ao contrário" e, se achar que mereço, vote.
#2 Fernando Giomo 10-12-2009 18:08
Amigo, estás no caminho certo, estamos no planeta para viver e aprender, descortinar o novo, e não chocar o ovo.
Parabéns, belo poema.
#1 Abreu 10-12-2009 00:20
A única coisa sólida que enxerguei foi: "Querer demais sufoca a paz e quebra o foco certo".

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