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POR UM ESPELHO EM ENIGMA

Dentro do medo há um hiato

nua anti-paisagem

sem dor nem fatos,

nem segredos

nem nomes ou árvores

e nem esperas

 

gravitação de órbitas vazias

em torno de um sol já extinto

 

é um assombro mole,

um furo assim,

onde remansam-se instintos

censuras, sinais

derradeira miragem

na incontida dispersão

das simetrias de mil imagens

na memória opaca

de um cristal

 

"dentro do medo, Horácio,

só a  ilusão faz sentido"

 

é, porém, quando,

do narcotizado pasmo,

dá-se que incerto desgarre

que faz que

de cada vão que se pressinta,

à esmo, no caos,

converjam-se linhas de fuga

e projetem nossa angústia

na tela mais chã

 

de nós mesmos.

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Atualizado em: Seg 1 Fev 2010

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