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A CHUVA DOS MEUS OLHOS BREVES

Parece que o dia ficou triste

Com a chuva que ajunta céu e mar

Numa cortina molhada de fumaça.

 

É desta chuva sem dono

A cascata de lama que escorre,

A praia suja, o vento,

A solidão dos barcos na areia,

O enterro de um amor que morre,

O mar furioso e o céu negro.

 

Acontece uma tempestade de lágrimas na chuva.

Existe uma vontade remota de morrer quando chove.

 

O céu é uma mulher cega se afogando,

Invisível, uma imensa nuvem cinzenta,

Pesada, pintada de noites desabando,

De ausências de luz, de medos,

Assustada como uma criança.

 

O mar é um homem solitário

Que joga o peito na tenebrosa chuva,

No ar, na terra e tenta salvar a mulher cega.

É um imenso lençol sem cor, também cinzento,

Que cobre o sono de quem foi azul.

 

Hoje não há céu nem mar em Jacumã,

Só a chuva dos meus olhos breves.

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Atualizado em: Seg 19 Ago 2013

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