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A CHUVA DOS MEUS OLHOS BREVES
Parece que o dia ficou triste
Com a chuva que ajunta céu e mar
Numa cortina molhada de fumaça.
É desta chuva sem dono
A cascata de lama que escorre,
A praia suja, o vento,
A solidão dos barcos na areia,
O enterro de um amor que morre,
O mar furioso e o céu negro.
Acontece uma tempestade de lágrimas na chuva.
Existe uma vontade remota de morrer quando chove.
O céu é uma mulher cega se afogando,
Invisível, uma imensa nuvem cinzenta,
Pesada, pintada de noites desabando,
De ausências de luz, de medos,
Assustada como uma criança.
O mar é um homem solitário
Que joga o peito na tenebrosa chuva,
No ar, na terra e tenta salvar a mulher cega.
É um imenso lençol sem cor, também cinzento,
Que cobre o sono de quem foi azul.
Hoje não há céu nem mar em Jacumã,
Só a chuva dos meus olhos breves.