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Tem lua no caos

Deu Super Lua, clicou! Ah, sua linda! Só você pra amenizar esse caos aqui embaixo...
Tem lua no caos
Na balbúrdia cotidiana da vida moderna
Na celeuma incessante da urbe
Que já nem lembra o que é parar
 
Tem lua na rua
Iluminada pelos clarões de postes e veículos
Focos sintéticos que agridem os olhos 
E ofuscam a visão de quem vem de encontro
 
 
Tem lua no ar
Carregado de pó suspenso do inverno seco
Poluição flutuante que envenena os pulmões
E sufoca o fôlego de quem caminha pela vida
 
Tem lua no barulho
No estrépito de carros, motos e caminhões
Ruído estrondoso que violenta os tímpanos
E desorienta os passos de quem persiste na jornada
 
 
Tem lua na pressa
Na correria desenfreada e vazia de sentido
Na submissão alienada à ditadura do relógio
Na alucinação do tudo ao mesmo tempo

 
Tem lua no fundo
No ilusório aperto
Do espigão de cimento e aço
Que arranha o céu
E da árvore pença, corcovada 
Amputada pra não arranhar o teto 


 
Tem lua no telhado
Trazendo vida ao concreto armado
Frio, cinza, ranzinza
De linhas retas, exatas medidas
Paredes que sonham com tintas coloridas

 
Tem lua na dor
Flagrando a luz que ilumina
A natureza dada como morta
Testemunhando a vida que rebrota 
Do drástico, atroz, impiedoso corte
Do tronco que sangrou seiva
Escancarando ao homem sua eiva
Que o levará à sua própria morte

 
Tem lua na beleza 
Clic que revela o fascínio da diversidade
Flash que registra a coexistência pacífica 
Dos diferentes que se complementam
Do evidente antagonismo 
Oriundo do acaso da composição 
À irrefutável constatação
De que a harmonia tem raiz na tolerância 
 
 
Tem lua na lâmpada 
Com humildade de se colocar atrás 
Com empatia pra ocupar a posição 
De uma mera luminária 
Pra potencializar seus reduzidos watts
À magnitude de estrela de elevada grandeza

 
Retribuição de quem reconhece
Que deve todo seu esplendor 
À luz que recebe em outorga generosa
Também ofertada de forma graciosa
Por gratidão compartilha seu deslumbrante fulgor 

 
 
Tem lua no quintal
Com direito a show privativo
Espetáculo de luz e cor
Brincando com os contrastes
Camaleoa da noite
Pro deleite de quem contempla
 
 
Tem lua na vida
Estendendo o manto prateado
Sobre o coração verde 
Que teima em resistir, 
Que insiste em pulsar 
Em silêncio, despercebido
Nutrido pelo chão dourado

 
 
 
Tem lua no céu
De braços abertos 
Pra tocar a luz da rua
Pra fundirem-se os raios 
Pra unirem-se os brilhos
Pra amenizar o caos 
Da cidade e do mundo
Pra pegar a Terra pela mão 
E seguirem rodopiando
No Baile dos Astros dançando
Ao som da orquestra dos anjos
Afora pelo Universo, infinito salão... 
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Atualizado em: Qua 23 Ago 2023

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