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Alegoria dos Sentidos

Ao crepúsculo da escuridão 
Serpentes peroladas vagueiam entre a relva  
Corvos atravessam silenciosamente o firmamento estrelado  

Gravita no ar uma seriedade inquisitorial e misteriosa.

Nessa obscuridade da entropia célere da luz 
Emergem florestas de heras na alma de um Ser espectador  

Este mesmo que ouve, sente, tateia e interpreta.

E sob torpor deste véu difuso 
Desvanece o tangível, permanece o irreal... 
Apenas mais uma distorção longínqua, inalcançável e subversiva  
Uma visão ampliada da parca harmonia 
Que, aos poucos,  
Como envenenamento por doses homeopáticas 
Permeia a percepção do fantástico e do possível 
Dissolvendo ou realçando as fábulas de infernos e paraísos. 

Mas qual é a visão, afinal?   
A obscuridade? O jogo de espelhos com animais sombrios?  
A magia trágica da paisagem? Ou a parábola destes versos decadentes? 

Ora, essa é apenas a duplicação boçal da realidade  
O portal que incita e reflete à dúvida,
Sobrevive em sua íntima pluralidade selvagem.
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Atualizado em: Qua 6 Mar 2024

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