- Cordel
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BALA PERDIDA
Um assunto constante
Presente em nossa vida
Fruto da grande violência
Que por nós é vivida
E pode atingir qualquer um
É a tal da bala perdida
Desse termo eu discordo
Ele não é verdadeiro
Perdida ela seria
Ao invés de tiro certeiro
Se sumisse no mundo
Sem sabermos seu paradeiro
Nenhuma bala é perdida
Ela sempre encontra um alvo
Seja material ou humano
Isso eu ressalvo
E nas cidades grandes
Dela ninguém está a salvo
Quando ela atinge alguém
Já deixa de ser perdida
Perdida é a vida
Que por ela é atingida
E a família da vítima
Chora a perda sofrida
Muitas pessoas morreram
Por causa de bala perdida
Nas estatísticas policiais
Está em franca subida
Sem sabermos de onde veio
Ela vem ceifando vida
Todo dia a gente vê
Notícia na televisão
Bala perdida matou
Mais um pobre cidadão
Mata também mulheres
Criança, jovem e ancião
Nem dá tempo de esquecer
O caso mais recente
Acontece logo outro
Assim bem de repente
Tememos que o próximo
Aconteça com a gente
De tanto acontecer
Já se tornou banal
Não causa tanto espanto
Já é coisa normal
E nem merece mais
Destaque no jornal
É apenas mais um número
De uma triste estatística
E pra esses casos
Há uma ação característica
A retirada da bala
Para exame de balística
Este exame é fundamental
Diz de onde a bala saiu
Se foi tiro de revólver
Ou foi tiro de fuzil
Se partiu dos bandidos
Ou da Polícia civil
Sua origem quase sempre
Fica assim desconhecida
Mas do seu paradeiro
De maneira entristecida
Ficamos logo sabendo
Foi o fim de uma vida
Quando ela não atinge
De maneira fatal
Deixa grande sequela
Que é quase mortal
A síndrome do pânico
É um transtorno infernal
A pessoa não sai de casa
Com medo de morrer
Até na residência
Procura se esconder
Sabendo que mesmo ali
Tudo pode acontecer
Quando tem confronto
Entre polícia e bandido
É todo mundo apavorado
Pelos cantos escondido
Pois por bala perdida
Pode-se ser atingido
O comércio é fechado
E as escolas também
O povo em polvorosa
Bala vai e bala vem
E pra não ser perdida
Ela sempre atinge alguém
E no mundo globalizado
De capitalismo selvagem
Até mesmo nestes casos
Querem tirar vantagem
Criando um mercado
Que oferece blindagem
Quem pode pagar
Usa carro blindado
Pois dentro dele
Está resguardado
E Contra bala perdida
Está bem assegurado
Mas o que pode fazer
A grande população?
Pois só anda de ônibus
Em enorme aflição
Temendo que uma bala perdida
Venha em sua direção
É pedir a Deus
A Sua proteção
Que guie seu caminho
Pra longe dessa aflição
Para ir trabalhar
E voltar salvo e são
Esse assunto já foi tema
De muita discussão
Mas a população precisa
Das autoridades, a decisão
De acabar com esse monstro
Apresentando uma solução
Ah, se essa mazela
Fosse um dia resolvida
E a gente andasse na rua
Sem medo de bala perdida
Viveríamos mais tranquilos
Era outra qualidade de vida
Enquanto isso não acontece
Não posso ficar calado
E em forma de protesto
Deixo aqui registrado
Que essa situação
Me deixa indignado
Sobre ela também escreveu
Gabriel Pensador
Em uma de suas músicas
Detalhando esse horror
Relatando seus efeitos
Que é só sofrimento e dor
Quem dera todas as balas
Fossem mesmo perdidas
Não atingissem ninguém
Nem nunca tirassem vidas
Só existissem balas de açúcar
E pelas crianças fossem comidas.