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Parqualino na São Paulo da Garoa.

O chamado mundo publicitário tem inúmeras figuras. De todos os tipos. Hoje eu quero contar de uma figuraça que eu conheci na publicidade. Vocês não vão acreditar, porque apesar do ambiente publicitário ser um dos mais sofisticados do mundo, o Pascualino sobrevive até hoje com seu eterno jeitão “Anos dourados”. Acho que vocês também conheceram esse personagem. Ele trabalhava em uma agência de publicidade grande.

A figura usava calça boca de choro quando a moda exigia boca de sino. E só se rendeu às Bell Bottons quando a moda tinha voltado para as bocas justas.

Nos pés só calçava botinha com zíper. Que ele tinha uma coleção com todas as cores, e de verniz e camurça também.

Chamava o Jeans de Calça Rancheiro. Nunca curtiu coisas de Boutique e para suas compras de roupas foi fiel às Lojas Garbo e à Ducal até o fim. Coisas pra sua casa comprava na Pírani.

Bolsa tiracolo ele só foi usar quando elas tinham virado capanga de mão. Quando comprou uma capanga de mão as capangas tinham ido para a cintura, vejam vocês.

Cabelo penteado por cima da orelha e pente Carioca no bolso da camisa. Bigodinho fino aparado.

Dirigiu um Aero Willis azul calçinha durante 20 anos – aquele redondão.

Seu restaurante predileto era o Circular, no Largo do Paissandu, ao contrario da moçada que freqüentava o Churrasqueto na Rua 24 de Maio. Fazia musculação na Academia Hercules que fica até hoje ali perto no 1º e 2º andares do prédio da esquina das Avenidas Ipiranga e São João – imortalizada pelo Caetano. Embaixo ele costumava comer sanduiche de calabresa com vinagrete no Jeca, ou descia até o Porquinho, na Avenida São João de baixo, para comer sanduiche de salsicha com molho.

Jogava sinuca no Maravilhoso e dançava, às sextas feiras, no Avenida Danças, onde as bailarinas picotavam o cartão ( Ticket Dancing ) depois de dançarem com você. Os dois lugares na Avenida Ipiranga

Em alguns fins de semana era visto no jardim do Museu do Ipiranga fazendo ginástica de Conga azul marinho, meia soquete branca, calção de futebol também branco e uma camisa do Jabaquara F.C com o nº 7 nas costas – ponta direita corredor.

Só trocava o seu bairro na Baixada do Glicério, no verão, para ir gozar as férias na sua casa de praia na Vila Guarani na Praia Grande.

Fumava Cigarros Columbia que tinha no maço vermelho o desenho de uma Caravela.

Paquerava, no fim do expediente, as minas comerciárias na porta da Galeria Califórnia, onde também tomava um café expresso no Café Haiti, na Rua Barão de Itapetininga ou na porta do Mappin, na esquina da Praça Ramos de Oliveira com a Rua Xavier de Toledo.

Adorava música e tinha todos os discos da Laila Cury e os boleros do Gregório Bárrios com arranjos do Lírio Panicali, em vinil. Adorava ver e ouvir o Carlos Gonzaga cantar” Oh! Carol”, do Neil Sedaka, no programa “Crush in HF” do Tony e da Celi Campelo.

Os cinemas prediletos eram o Cine Cairo, no Anhangabaú, e os Cine Mundi e Cine Santa Helêna, na Praça Clóvis Bevilacqua. Era amarrado nos filmes da Vera Cruz com a Eliana e o Anselmo Duarte, na atriz Libertat Lamarque -“La Marquesa del Bárrio”- e no Cantinflas, que era o ator Mario Moreno.

Devoto, não perdia uma festa do São Vitto, no Braz, e da Santa Achiropita no Bixiga.

Lembrava um pouco o Giancarlo Giannini no filme “Pasqualino Sette Belleza” da diretora Lina Wertmuller, que foi assistente do Fellini.

Dizem que um dia ele foi com o pessoal da agência, para festejar a conquistas das contas das Lojas Sloper e da Groselha Milani, em um restaurante Franco Suíço muito chique, que ficava na Rua Pamplona. Pediu um bife a cavalo, arroz e fritas. Tiveram que chamar o SANDU porque o maitre francês, uma bichona, teve um chilique ao ouvir o pedido. O Chef, outro francês, saiu da cozinha com um cutelo ameaçando o nosso amigo. Sério.

Seu programa de TV predileto? “O Céu é o Limite” apresentado pelo Randal Juliano ou o Homero Silva, não lembro, e o “Jovem Guarda” apresentado pelo Roberto Carlos, programas da TV Record do Aeroporto. Quando era menino, disse, ia ao Circo Piolim, na Avenida General Olimpio da Silveira, e assistia a Gincana Kibon, apresentado pelo Vicente Leporace, também na TV Record.

Dizia na agência que votava no Janio Quadros, mas, sem ninguém saber, votava no Adhemar de Barros.

Onde ele anda hoje em dia?

Ouvi dizer que é diretor de criação da Refrigerantes Dolly em dupla com o seu fiel escudeiro dos velhos tempos. Um dia eu conto e descrevo quem é esse amigão dele e nosso.

Bj.Tiaguinho

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Atualizado em: Ter 10 Ago 2010

Comentários  

#2 acsantiago 25-08-2010 10:38
Que bom ouvir você.Abração.
#1 rackel 25-08-2010 06:37
Lembranças deliciosas de figuras que perpassam a vida. Parqualino é um personagem fantástico em tuas mãos, Tiaguinho. Adorei.

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