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Trivialidade
Um tempo de vozes caladas. Um tempo de gestos obtusos. Uma fileira de rostos caídos e sorrisos pálidos. A cidade tingida de neon, a falsidade do brilho destacando as ilusões notórias. Risadas metálicas saem vibrantes da sarjeta, narrando o mesmo jogo de todos os dias. O lodo cobrindo os pés e as paredes. A poeira soterrando os poros e os papéis. Somos o nosso pós guerra. A ferrugem que restou desse turbilhão de explosões de efemeridades. Um silêncio amargo com resíduos radioativos nos dá o brilho no olhar. Enquanto a ferrugem corrói nossos corpos e desliza pelas paredes desse cemitério ambulante, olho para o céu turbulento, enegrecendo e trovejando cada vez mais, e pergunto-me se lembrei de alimentar os peixes antes de sair. Mas nada disso importa quando a luz está apagada