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Herança

Antonio foi preso e colocado em uma cela de segurança máxima, protegido por dois carcereiros, para que os demais detentos não o matasse. Antonio fora preso por ter arremessado e matado o filho, Joaquim de oitos anos, contra uma parede após o menino insistir em uma birra.

A imprensa noticiou o fato e os apresentadores de todos os programas classificou Antonio como monstro, e era dado que Antonio deveria pegar todos os anos possíveis como pena por ter matado uma criançan indefesa.

Uma das testemunhas com mais raiva de Antonio era o pai de Antonio que dizia que o filho nunca apanhara na vida e que sempre fora tratado com muito amor e carinho.

No dia do julgamento de Antonio, as testemunhas eram a mulher de Antonio que disse que o marido era um bom pai até o dia do ocorrido, e o mesmo fora dito pela sogra e pela mãe de Antonio, amigos e vizinhos diziam que Antonio parecia ser um bom pai. A filha de Antonio sobre forte emoção dizia que o pai nunca lhe baterá e que não entendia porque o pai tinha perdido a cabeça e matado o seu meio-irmão.

O pai de Antonio disse que o filho sempre fora violento e que sempre mostrava traços de louco e que não esperava outra coisa de seu filho “amado”.

A irmã de Antonio disse que o irmão era muito bom e que entenderá de certa forma porque ele teria feito isto.

Então chegará a hora do réu falar.

- Meretíssima, sei que a senhora não deve me olhar como um humano, mas lhe peço apenas uma favor, que coloque o meu pai à minha frente.

A meretíssima com o intuito de entender o que aconteçara, ordenou que o pai de Antonio ficasse a frente de seu filho.

- O senhor me chama de monstro? Quando eu tinha seis anos, o senhor disse que ia cortar os meus dedos se eu fizesse mal-criação.

- Eu nunca disse isso! - disse o pai.

A filha interveio e confirmou o que irmão havia dito.

- Com oito o senhor deu a primeira surra de mangueira em mim e na minha irmã, porque a gente estava brincando e o senhor acordou.

- Aos nove, o senhor bateu na gente porque nós riamos de Trapalhões e o senhor achou que a gente não merecia ser feliz.

- As dez você pediu que a nossa irmão caçula batesse na minha irmã e depois sentou porrada nela.

-Aos onze, pegou a cabeça de minha irmã e tacou na parede porque ela não arrumou a cozinha.

- Aos doze cortou a gente com uma mangueira porque quando chegou em casa viu a descarga do banheiro disparada e bateu na gente até que nossa mãe mandasse parar. E depois quando a empregada disse que foi a nossa avó bateu na minha irmã porque ela disse que o senhor deveria pedir desculpas. Na mesma semana quase bateu na gente de novo quando você quebrou um copo e minha irmã disse que você deveria apanhar porque derrubou um copo, só não apanhos porque a nossa mãe impediu.

- Aos treze bateu em mim com um pau porque fui até a casa de um vizinho para pegar uma bola e minha irmã caçula me seguiu e quase foi mordida por um cão e nem ao menos se preocupou se eu tinha visto ela me seguir.

- Aos catorze, ao cehgar em casa você me deu uma surra sem ao menos eu saber o motivo porque eu estava apanhando e depois minha mãe disse que eu sabia o motivo e só anos depois eu fui saber o motivo, que era simplesmente o fato de eu estar conversando com amigo na rua e o senhor achou que eu fosse gay. E nem se preocupou em peguntar o que estava fazendo.

- Aos quinze morrendo de dor de cabeça com uma grave sinuzite ameaçou jogar um prato em meu rosto porque eu não lhe dava atenção.

- No mesmo ano quase matou minha irmã após ela empurrar, empurrar a mais nova porque ela lhe jogou leite frio na cara. E o senhor nem quis saber o porque.

- Aos dezoito quando eu cheguei em casa com minhã irma e minha mãe soubemos que a mais nova estava numa casa vizinha porque o senhor cortou de tirar snague a perna dela, e pior, muito pior, o motivo fora que após um dia de trabalho, ela chegou em casa, fez a janta, arrumou a cozinha, passou pano na copa, sala e cozinha e quando tudo estava terminado e ela ia estudar, você tomou um copo de café, colocou na cozinha e disse, limpa escrava e ela retrucou. Você quase a matou.

Foi a gota d'agua para que se mais uma vez você batesse em um de seus filhos você iria para a cadeia.

- Aos vinte e um quase matou minhas irmã com uma rastelo porque ela disse algo que não lhe agradou.

-E entre outras coisas, como ameaça, ofensas, mentiras, constante demosralização, destruição de vidas, humilhações de amigos, como Jorge, entre outras feridas.

- Que saber porque eu matei o seu neto? - ele levantou as algemas e mostrou – Por causa disso, por causa disso. Acho que eu me importo em ir para cadeia, por ser morto por outros presos? Eu sou um zumbi, eu não sei o que amor, ou felicidade, não o que é acreditar nas pessoas, ou acreditar que alguém possa ser bom. Perdi amores porque você me descontruiu. Eu nunca quis ter filhos, nunca quis ter filhos e não porque eu não gosto de crianças, porque eu não queria seu sangue. E quando ele me olhou com o seus olhos e eu decidi que era hora de dar um basta na sua herença. - virou-se para juíza e disse. - Não foi uma atitude repentina no calor da emoção, eu matei ele de propósito, eu quis matar ele, assim eu livrei o mundo dessa praga, desse mal. Acredito fielmente que com essa minha atitude livrei-os do mal. E como se eu matasse um rato. Mas eu matei no ninho.

A juiza olhava ele com olhos de quem não acreditava no que ouvia.

- E não espere juíza que eu cumpra toda essa senteça, porque eu só não me matei antes, para trazer esse fdp a sua frente fazê-lo pagar por tudo o que fez a mim, as minhas irmãs e a todas as pessoas que ele prejudicou, porque ele prejudicou muita gente.

 

Antonio tirou algo do bolso. Virou-se para os reporteres e suas cameras que mostravam tudo ao vivo, colocou um frasco na boca e disse:

- Eu rejeito qualquer herança que esse maldito possa me dar. Eu rejeito qualquer herança que esse maldito possa me dar.

Mordeu o frasco e instantes, mesmo com ajuda de paramedicos morreu algemado ali no chão.

 

Naquela semana todos os que julgaram começaram a exibir suas matérias questionando se pais violentos formavam filhos violentos, e quantos casos de Joaquim teriam que vir a tona para mostrar como pais violentos podiam tornar filhos violentos. E no congresso, deputados tentavam desenvolver uma nova lei que se um filho pudesse provar que seus pais foram violentos com eles (os filhos) eles poderiam pedir indenizações, é claro, com a turma do contra, do bom senso e dos a favores.

 

A mãe de Antonio separou-se do marido e um ano depois foi morta por ele. A mais nova mudou-se de cidade com seu marido e a outra fora morar fora do país. A mulher de Antonio criou uma ONG para reeducar pais agressivos com a ajuda de sua entiada.

 

Atendendo a seu pedido, feito anteriomente a seu advogado, Antonio fora enterrado com indigente, longe de seu filho, e de sua família.

 

Em um carta a mídia, Antonio agradeceu:

 

“Há pais que dão a educação, outros dinheiro, outros conhecimento, alguns capitais, outros riquesas, outros doenças e infelizmente, muitos dão a violência como herença. Obrigado ao meu pai.”  

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Atualizado em: Ter 23 Set 2014

Comentários  

#1 JogonSantos 25-09-2014 14:41
Sua narrativa, apesar de chocante é fluída e nos prende no relato do réu. Quantos casos iguais não acontecem no mundo. É como se o pai ao ver-se obrigado a sustentar uma família, transforma o arrependimento em havê-la formado em ódio e desconta nos filhos sua incapacidade de poder dar-lhes o melhor, talvez seja um ódio por si mesmo que faz os filhos suas vítimas.
Gostei.
sds.

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