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Um Careca No Natal

Eu fiz uma aposta: - 'se fulano ganhar eu corto meu cabelo'.
Fiz porque naquele dia, naquela conversa eu vi uma foto e lembrei duma frase que dizia: -'O corte do meu cabelo já diz quem eu sou'. - Ale, Chorão.
Eu me lembro que quando criança eu passava o ano todo triste, minha avó pedia aos meus tios que falassem comigo procurassem me entender achava que eu estava deprecivo, não fui uma criança facíl sabe? me irritava e gritava o tempo todo,chingava tinha problemas de comportamento passava boa parte do tempo no quarto lendo e desenhando quando em contato com outras pessoas, apenas o silêncio. Mudo. Sem voz. Lembro também que havia um dia no ano que eu não calava a boca, na verdade era insuportavél. No Natal, levantava cedo, passava o dia pulando e quebrando as coisas, meu avô para a surpresa de todos quase não tomava alcool naquele dia, um ato dificil para ele e ainda ajudava a limpar o quintal, duro, de concreto quase barro sabe? Já viu aquele chão acentado para os blocos feito só pra subir as paredes? Então! Esse!!! Minha avó dizia varias vezes que estava sujo, 'Claro! parece o chão da rua' - dizia eu rindo com a vassoura esfregando enquanto meu avô subia a calça na atura da canela.
Às 18hrs íamos a missa que comeceva apenas 19:30 mas minha avó tinha certeza que estaria cheia a igreja por isso não teria lugar pra ela se sentar. Àpos a missa, já em casa ligavámos a TV trocavamos conversas e lá por volta das 23hrs estávamos morrendo de sono, afinal o ano todo dormíamos 20hrs em ponto. Antes da céia, orávamos, comíamos e logo depois simplesmente apagavámos as luzes para se deitar, mas eu não. Isso porque um canal insistia em todo natal reprisar aqueles filmes maravilhos e o último? adivinha? O Expresso Polar! que eu amava de coração tinha todas as falas na cabeça. Mas fui uma criança esperta o filme acabava quase 5hrs da madrugada e dizia a lenda que o Noel não trabalhava até às 6hrs, então eu tinha que dormir logo, caso acordado o Papai Noel pularia minha casa e eu ficaria sem presente. Não era uma coisa facíl dormir isso porque quase sempre eu estava euforico com o filme, afinal queria tomar o expresso mas não para hogwarts, eu queria pegar a Maria Fumaça para o Polo Norte! os caras serviam chocolate quente dando piruetas, tinha um fantasma nos vagões e as paisagens eram deslunbrantes, Ah! e era de graça velho, fora que tinha um maninho no trem que não acreditava no bom velhinho, dá pra acreditar? Como as renas poderiam voar sem ele então? Cara mais burro.
Eu pulava cedinho da cama para ver o resultado dos meus esforço na noite anterior, e lá estava, um presente, eu pedia albúms de desenhos, as vezes cards do yu-gi-oh! e outras um boneco. Hoje em dia credito que os meus tios juntavam dinheiro para me comprar e manter vivo o espirito de natal, pois eu sempre ganhei um brinquedo do bom velhinho barba branca. Naquele dia, naquela data, não sentia falta dos meus pais, eu não pensava na família que não tinha e pra dizer a verdade pouco me importava o brinquedo, eu amava o natal porque eu tinha uma FAMÍLIA, amor e muito carinho. As comidas, as risadas, a felicidade da minha avó que escolhia com muita atenção um cantinho na sala para montar a árvore murcha de plástico dela, até o sono na missa tinha um gostinho especial. Pena que só hoje eu vejo quanto tempo eu perdi amargurado e só pude perceber que a família do futuro que tanto projetei estava naquele presente maravilhoso.
Boa parte do ano eu estava sonhando com um pai me buscando na porta da escola, uma mãe sempre me defendendoe doando doces na hora da refeição, como naqueles filme da sessão da tarde. Mas a questão é que aquela criança aprendeu cedo o espirito de Natal. Ao pé da árvore de natal minha avó colocava uma grande biblía uma que ela guardava o ano inteiro no ármario, a borda tinha um material que imitava ouro e as folhas eram macias em uma de suas pagínas tinha uma cartinha do dias dos páis, uma que eu fiz, ou melhor que aquele menino uma vez fez, uma única vez.
E para quem eu entreguei a cartinha do dia dos país? Pra mim mesmo!!! Escrevi palavras bonitas de uma criança que guardava na língua honras ao um pai que nunca existiu, escrevi mensagens lindas e até desejei coragem e força para o transito de São Paulo, disse também que tinha o pai do ano, um sonho! a carta estava assinada sem nome mas com os dizeres - 'Espero ser um pai de domingos com bicicletas e não domingos de carros'. Isso porque meu tio me prometia sempre me levar para andar de bicicleta num parque que nem era parque de verdade, era apenas o km 21 um lugar em carapícuiba onde pessoas usavam drogas e mulheres se prostituíam, havia algumas, poucas, duas ou três árvores, e um bom espaço para pedalar aos domingos e feriados, mas mesmo aos fins de semanas meu tio sempre trabalhava e isso o impedia de cumprir a promessa.
Não vejo honra na farda, para ser honesto não há gloria na guerra, eu me sinto diferente por isso aquele menino solitário sem país aprendeu com as histórias de heróis que na verdade os mocinhos na maioria das vezes não queriam as aventuras, mas eram forçados a toma lás para defender o que mais amavam. Sempre foi o amor! se um país se dedica a formar homens de valores e carater ele não precisa formar punhadores de armas, pois quando chegar a hora esses bravos homens lutaram por aquilo que é mais importante para eles. A FAMÍLIA.
Aquele menino quis ser um homem que respeitasse as mulheres, um pai de família para que assim nenhuma outra criança cresce sem um pai, um homem para plantar sementes de amor e justiça, aprendeu o ato da campaixão de mãos abertas e coração alegre para não fazer violência, um homem dispoto a dar rosas ao invés de socos, talvéz um que andasse na rua doando beijos para velhinhos com um nariz vermelho de plastico no rosto, que visitasse crianças nos hospitais. Um pai para correr por uma vida justa e melhor mas que não significasse passar a perna no vizinho, um pai presente e bondoso que mesmo na pobreza faria seus filhos felizes por estar sempre junto e ao lados deles. Ele sonhava em ser assim. Sonhava em ter uma família. O mundo inteiro falhou com aquela criança, sem excessão, ele perdeu a confiança nas pessoas, em promessas, quem sabe até no natal. Em uma pessoa aquele menino confiou suas ultimas esperanças, em sí mesmo. Ele acreditava no amor, na paz e na honestidade, confiava em boas ações e sonhou ser um pai do ano para um menino um dia.
Ele se formou mais um careca no natal, um homen que não tem vergonha em dizer ser sentimental, ou tem e esconde tudo até a sua data preferida do ano chegar, um careca que pensa em coisas delicadas e generosas, coisas que ele não acredita ferir sua masculinidade entende? Já que em 2018 com certa idade defender o espírito de natal ou falar de amor, respeitar mulheres, não participar da busca ao ouro em tempos onde todos não tem tempo? Não é lá muito bem visto pela sociedade machista e esse careca segue tentando manter a essência que teve um dia ainda menino ele não pode se contentar com discursos violentos de odio e raíva, fez uma promessa para sí mesmo. Ser o pai que nunca teve. O Pai Do Ano, de se tornar um homem que ele admirasse para que assim seu filho um dia o admirasse. Isso muito antes de fulano ganhar a corrida politica.
Por um desajustado
careca e
que acredita no
amor e na paz.
MSFTs.
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Atualizado em: Qui 27 Dez 2018

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