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FIM PARA O LIXO NO PLANETA

Estamos no futuro. Não aquele tão vislumbrado futuro onde as máquinas fariam tudo e nós apenas a ordenar e aproveitar. Entretanto, a tecnologia avançou muito ao ponto de qualquer assalariado a ela ter acesso: desde a TV de plasma até sofisticados micro computadores. Nesse cenário moderno, acontecem coisas inusitadas e eu não sendo imune fui vitimado. No período natalino do ano de 2006, a minha mulher se deparou com um modelo de sapato muito bonito em alguma vitrine ao longo do trajeto e fazendo uso de suas atribuições legais, adquiriu dois pares (40/41) do referido produto para seus dois homens – eu e o filho. Mesmo sabendo ela que não aprecio sapatos com cardaços, por questão de praticidade, um dos pares (41) apresentou-se com esse acessório – logo o meu. Como quatrocentos quilômetros para uma possível troca não seria viável, combinei que o usaria em ocasiões especiais e aquele dia foi uma delas. Depois, no aniversário da cidade e no casamento de uma sobrinha.

Em meados de setembro de 2007, fui informado que haveria uma sessão de fotos relacionada à minha conclusão universitária e, como isso foi uma ocasião especial, decidi usar o “marronzinho” pela quarta vez. Macio, leve e novo! Depois de alguns passos no Campus, senti como se algo estivesse grudado no salto, mas para meu espanto, o salto estava rachado. Eu fiquei besta, porém não desanimei: acionei alguns neurônios de reserva usando uma cola superbond qual não fez efeito, pois o material simplesmente desagregava como CUSCUZ. Pedi a alguém para comprar imediatamente alguma coisa que me tirasse do prego e não deu certo, naquela pequena cidade, as lojas fecham às 17:00 h. Diante do problema, usei mais alguns neurônios, amarrando o salto com arame 18 recozido e, como um urubu cangueiro, desviei o centro de gravidade ao andar até o término do evento.

De volta à residência, a mulher indaga: “Bateu o carro, quebrou alguma coisa?” – O filho também:

– Bebeu todas, velhão?.

– Quero saber o porquê das perguntas?

– Ora, você está andado de forma estranha! Algumas bebidas provocam isso!

– Ou foi “abduzido” e devolvido com defeito... esses alienígenas de hoje são uns merdas! Concluiu o filho.

Mostrei o problema e eles apresentaram-me as seguintes hipóteses:

1 – Falta de uso (não me convenceu)

2 – Esforços exagerados no sentido longitudinal (também não convenceu)

3 – Poderia ser um produto pirateado (mas o acabamento provou sua legitimidade)

Eu acho mesmo é que houve uma falha nos robôs, na composição da borracha do solado, volatilização de algum componente essencial, enfim, o “material” se desmaterializa até sendo atritado com os dedos. O que tange o resto dos meus neurônios para esta dissertação, não reside nesse prejuízo – está ligado a algo “grande” que poderá melhorar o mundo – “ESSE MATERIAL DEGRADÁVEL” o fabricante do sapato, acidentalmente concebeu a solução para o lixo que invade o planeta. Porém, mesmo diante dessa inusitada descoberta, me atenho para um paradoxo: enquanto garrafas PET de alguns centavos ao relento duram 250 anos, um calçado bem cuidado da famosa marca AGABÊ de R$ 80,00, (na época) usado três vezes e meia, com meias, desmanchou em menos de um ano.

PARABENS!
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Atualizado em: Sáb 19 Set 2009

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