person_outline



search

SÚPLICAS

Que meu pai não me sopre nenhum verso,

nunca soprou, só se não dei ouvidos,

nunca dei, mas só depois de ter ido,

foi preciso assim, sem decibel,

para que o meu tímpano estúpido

começasse, enfim, a decifrar

o dialeto que ele usava

— aquele estranho silêncio púrpuro.

Que meu pai não me veja desse jeito,

lacerado, todo, lado a lado,

por uma inapelável saudade

que desfaz o que já está desfeito.

E é a voz do meu pai que revela:

não sirvo para nada. Sou poeta.
Pin It
Atualizado em: Ter 26 Mar 2019

Deixe seu comentário
É preciso estar "logado".

Curtir no Facebook

Autores.com.br
Curitiba - PR

webmaster@number1.com.br