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SÚPLICAS
Que meu pai não me sopre nenhum verso,
nunca soprou, só se não dei ouvidos,
nunca dei, mas só depois de ter ido,
foi preciso assim, sem decibel,
para que o meu tímpano estúpido
começasse, enfim, a decifrar
o dialeto que ele usava
— aquele estranho silêncio púrpuro.
Que meu pai não me veja desse jeito,
lacerado, todo, lado a lado,
por uma inapelável saudade
que desfaz o que já está desfeito.
E é a voz do meu pai que revela:
não sirvo para nada. Sou poeta.
nunca soprou, só se não dei ouvidos,
nunca dei, mas só depois de ter ido,
foi preciso assim, sem decibel,
para que o meu tímpano estúpido
começasse, enfim, a decifrar
o dialeto que ele usava
— aquele estranho silêncio púrpuro.
Que meu pai não me veja desse jeito,
lacerado, todo, lado a lado,
por uma inapelável saudade
que desfaz o que já está desfeito.
E é a voz do meu pai que revela:
não sirvo para nada. Sou poeta.
Atualizado em: Ter 26 Mar 2019