QUE SE DANE O AVIÃO!

O julgamento da chapa Dilma-Temer foi digno de revirar o estômago. Na prática, resumiu-se a um bando de doutores togados que se enfrentavam em um debate tenso e arrastado, tão prolixo quanto inócuo.

Prolixo, pelas teses pernosticamente elaboradas, algumas delas com o único objetivo de defender o indefensável: o corrupto financiamento da campanha eleitoral, fartamente provado pelo ministro relator; Inócuo porque, uma vez lançadas à mesa, as cartas claramente marcadas escancararam um pré-julgamento, uma decisão antecipadamente ditada e tramada nos obscuros bastidores dessa politicalha que, cada vez mais, emporcalha o país.

Restou a pirotecnia! Numa batalha em frente às câmeras, egos inflados espremiam das suas vaidosas entranhas judiciárias um pus tão azul quanto o sangue palaciano do Jaburu e da Alvorada, tão gosmento quanto o faro adocicado dos nobilíssimos deputados - velhas moscas de padaria sobre o pão-doce do poder - e tão putrefato quanto o sangue dos Dirceus, Eduardos, Palocis, Lulas, Aécios, Jucás, Renans, Sarneys, Malufs e outros tantos honoráveis senhores que militam bravamente “em benefício do povo brasileiro”.

Mas o pior é que, por mais que seja vergonhosa, a decisão é legítima! Sobre isso não cabe qualquer contestação!

Ao enterrar as provas, rasgar as leis e algemar a justiça, Gilmar e seus três mosqueteiros deram um recado ao país: “Viva a impunidade! Morte à Lava Jato! – Bradaram eles! - Não somos nós os pilotos! Então, que se dane o avião!”.

E assim, sem jatinhos da JBS e voando às cegas sob os céus cada vez mais tenebrosos da incerteza, seguiremos nós, cidadãos brasileiros, eternos passageiros da agonia!

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