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mnli

corri e caminhei na beira de praias,
de piscinas,
dos precipícios
e quantas vezes já mergulhei de cabeça
e pulei nisso tudo,
molhei os pés,
ou lavei os olhos, a alma, perdi a respiração, quase me afoguei
ou só olhei, refleti e fui embora?
não sei

a verdade é que não importa em qual ocasião eu me enfiei
me atolei
ou me desviei
eu sempre sai de lá com pedaços
fragmentos,
respingos,
inundações
daquilo que vivi
ou deixei de viver

e nem sempre a gente se encontra
e é muito louco pensar que hoje está aqui,
algumas horas depois, não sou capaz de prever
onde estar,
o que ser,
o que sentir,
onde procurar,
o que encontrar

e vivo nessas incertezas sobre o mundo,
sobre mim,
sobre você

mas aprendi que meu corpo exala cada gotícula
que capturei dessas aventuras submersivas
rasas e profundas

e enquanto você respira tudo isso,
por sua conta e risco,
digo e garanto que essa é a melhor versão do que eu poderia ser hoje
pois não vou me cobrar por não ser mais e nem me envaidecer por não ser menos

respiro sua aura, sua alma, sua epiderme,
suas gotículas espalhadas pelo ar
exatamente como alguém que para
em qualquer lugar que lhe é sagrado
e respira devagar e profundamente
buscando salvação,
se sentir completo e livre
apreciando a sensação e , por vezes, o alívio
de, apenas, estar vivo
da mesma maneira que aprecio
estar ao lado seu, apreciando tudo isso
num ciclo, quase, infinito

pois saudade é sempre daqueles que ficam
e eu vou viver com ela sempre
(pois “ficar” depende apenas à quem se destina o olhar)

com a vontade que, as vezes, da
de deitar a cabeça
no colo da pessoa que você
acredita
ser seu porto seguro
da necessidade que, as vezes, bate
de saber que se eu pular
você me pega
de que se eu me perder
você me procura até eu me encontrar
de que se eu correr
você ora pra qualquer coisa que você creia,
ou apenas torce
pra que eu saiba pular cada obstáculo
que eu encontrar longe do seu porto

de que se eu me esconder
você faz o mapa do tesouro
pra eu saber voltar pra casa

de que sem você
(não importa quem seja, não importa o nome)
eu continuo sim, sendo quem eu sempre fui
porém, cada vez mais forte
e que sem mim
você vive, porque
sobreviver
é pouco demais pra qualquer um

não faço distinção
das minhas e nem das suas feridas,
experiências e altura delas
já criei e desenvolvi um arsenal
de curativos
moldáveis para todas as situações

e se quer saber
não tenho medo de usá-los

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Atualizado em: Qua 25 Set 2019

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