- Poesias
- Postado em
éter e o efêmero
a gente nasce e ganha da vida
um pequeno lote na cidade infinita
com contrato de permanência não informado
livre pra gente construir o que bem entender
tem gente que faz casa,
tem gente que faz apartamento
tem gente que faz mansão
tem gente que se faz prédio
o certo é que nosso destino é ser museu
a vida deixou isso bem claro
no contrato que assinamos
mesmo que não consiga se lembrar
e no final o que eu levo
é o seu sorriso que eu desenhei
no teto do meu quarto;
as boas lembranças que eu presenciei
e escrevi nas paredes pra deixar marcado;
as más recordações que pixei
nas paredes do banheiro
enquanto tomava um banho gelado;
os riscos de contagem de dias
que pareciam não ter fim;
a vida acaba sendo
construir seu edifício para ser museu
museu de visitação restrita e permanente
se constrói todo dia
e é levado no pensamento
de quem divide a nossa permanência
que não foi informada