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ANTES DO NADA
Há inúmeros verdes vindos do morro
(e o alvejado ofuscante do meio-dia),
à paleta de amarelos-ouros das folhas
secas e dos terracotas da sua tinturaria.
Nada constrange os beges deste outono
de junho pleno que, ao inverno, notifica:
venha somente depois do dia de Xangô…
Apontam que tenho de soltar-me na pista
do poema: e ser outro eu, e pouco corpo,
muita alma, mais leve de menos cortinas.
E será por que escrevo sobre os entornos,
esquecendo do que mora dentro da linha?
Ou esboço as vísceras e apago os contornos?
Não saberia dizer: apenas corrompo a rima.
O meu poema não está: ele não existe ainda.
Atualizado em: Seg 12 Jun 2023