• Sonetos
• Postado em Maio 12, 2011

"HOMEM TORSO" (À Christian Arndt, portador da Tetra-amelia)

(À Christian Arndt, portador da Tetra-amelia)

 

 

Quando pus os olhos em ti me senti um ser minúsculo

e minhas microscópicas mazelas, resmungos covardes,

muxoxos desprezíveis e queixumes ao final das tardes

são diminutos, pois tenho membros além dos músculos.

 

 

Vi que ainda sou um ácaro degustando a pele da existência;

cego, devoro futilidades impregnadas do reles imediatismo;

surdo, não consigo escutar o que há além do Teu ocultismo;

egoísta, agradeço pelos meus pares imersos na negligência.

 

 

Vejo um gigante, com tentáculos, enlaçando nossa inércia.

Não é apenas um torso dando sentido à vida que não cessa,

mas uma incógnita divina para os materialistas sem cinzéis.

 

 

Uma obra bem acabada no paradoxo dos novos perfeccionistas;

um elogio a David de Michelangelo, o gênio acima dos realistas;

um humano sublime, desafiando a parca anatomia e seus fiéis.

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